F.P.
28/12/2009 by Paula
Durmo ou não? Passam juntas em minha alma
Coisas da alma e da vida em confusão,
Nesta mistura atribulada e calma
Em que não sei se durmo ou não
Sou dois seres e duas consciências
Como dois homens indo braço-dado.
Sonolento revolvo omnisciências,
Turbulentamente estagnado.
Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
Disperto. Enfim: sou um, na realidade.
Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois,
Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois,
De quê, esta vaga saudade?
.
Fernando Pessoa
Penso que já todos passamos por esta sensação mas só um grande poeta assim a consegue exprimir... a vaga saudade de algo difuso, esta confusão de pensamentos e sensações que se debatem dentro de nós, esta atribulada forma de ser em que alguma força desconhecida nos divide... o que sou, o que fui, o que quero ser, e quando descobrimos, enfim, a mesma pessoa em nós, fica aquele vazio que não sabemos de onde nasceu...
a alma humana é deliciosamente complicada!
é muito mais correcto afirmar:
eu sou mais do k um
e o k fui já não sou
o k serei, por isso continuo:
sendo.
Olá!
Tem uma brincadeira no meu blog. Gostaria que você participasse. Não é selinho!!!
Bjs
Neste belíssimo poema talvez esteja parte da explicação para a necessidade da existência dos seus heterónimos.