"O Coração dos Homens", Hugo Gonçalves
02/04/2014 by Vasco
Numa
cidade sem mulheres, os homens revelam a sua verdadeira natureza.
Todas as mulheres são expulsas de uma Cidade-Estado, as suas memórias
apagadas. Um grupo de amigos - Ele, Mau e Grande - cresce nesse universo
exclusivo de homens em que o pugilismo se tornou no desporto nacional, a força
física uma qualidade e as emoções um sinal de fraqueza. Eles atravessam a
decadência da Cidade nas suas motos, procurando o perigo e as lutas de rua. Mas
um dia enfrentarão o resto do mundo, as mulheres, e terão de confrontar-se com
a brutalidade da sua própria natureza.
O coração dos Homens vai ao fundo da amizade
masculina, fala da contenção dos sentimentos, da solidão, dos impulsos sexuais
e do corpo como único instrumento de prazer.
Opinião
Grotesco.
Macabro. Coerente.
“O
Coração dos Homens” é um livro muito curioso. Trata-se de uma história escrita
por um homem que ridiculariza os homens, não o Homem, homens mesmo.
O
autor faz algo muito simples, o que não quer dizer que seja fácil, porque não
será. Pega num local – qualquer, não importa onde –, dá vida a uma personagem
que parece ser escolhida ao acaso – uma qualquer, não importa quem –, rouba as
mulheres do tal local e deixa lá ficar os homens. E toda a trama gira em redor
da uma humanidade de homens perdidos sem mulheres que possam indicar-lhes um
caminho. Ao longo dos capítulos, conhecemos a vida do protagonista – e de dois
dos seus amigos –, desde a infância até à idade adulta, e, pelas razões mais
óbvias, o resultado é tenebroso.
A
ficção é, a meu ver, uma mescla de distopia e de romance. Na verdade, estes
dois conceitos embrulham-se de tal forma que acaba por não ser uma coisa nem
outra. Isto porque ambos os conceitos são de um antagonismo perfeito, visto que
os valores impostos pela sociedade que envolve o enredo não permite que as
personagens tenham a sua vivência como se vê na maior parte dos textos.
Toda
esta forma de ver as coisas deixa-nos de certa maneira doridos, mentalmente
doridos. Porque sabemos que tudo o que lá sucede não é impossível que suceda na
vida real, bastando para isso apenas que meia dúzia de passos sejam dados, não
de homens, mas antes do Homem – tal como os do Neil.
Gostei
imenso deste livro e fiquei sem saber se o modo de escrita do autor é simples e
directo, sem recurso ao sentimentalismo nem ao lirismo, ou se ele se terá
adaptado àquilo que desejava transmitir, ou seja, personagens insensíveis e
cegos por valores absolutamente inaceitáveis. Por isso, já comprei o último
livro do Hugo Gonçalves, acerca do qual reservo as melhores expectativas.
hmm fiquei curiosa
Eu também fiquei curiosa!
O tema é muito interessante!
Yeah!!! Eu sabia que ias gostar Vasco!!!!! É brutal este livro! Leiam...
Teresa Carvalho
Livro a colocar na lista das próximas leituras,após a interessante sinopse apresentada.
Pois sabias. :)
Vale a pena, sim, Teresa.