“E as Montanhas Ecoaram” de Khaled Hosseini (Opinião)
27/12/2017 by Lígia
Sinopse:
1952. Em Shadbagh, uma pequena aldeia no
Afeganistão, Saboor é um pai que um dia se vê obrigado a tomar uma das decisões
mais difíceis da sua vida: vender a filha mais nova, Pari, a um casal abastado
em Cabul e assim poder continuar a sustentar a restante família. A separação é
particularmente devastadora para Abdullah, o irmão mais velho que cuidou de
Pari desde a morte da mãe de ambos. Nenhum dos dois imaginava que aquela viagem
até à capital iria instalar um vazio nas suas vidas que seria capaz de
atravessar décadas e quilómetros e condicionar os seus destinos... Neste seu
terceiro romance, "E as Montanhas Ecoaram", Khaled Hosseini traz-nos
uma belíssima e comovente saga familiar que reflete sobre como os laços que nos
unem sobrevivem aos obstáculos que a vida nos impõe.
Opinião:
No início desta obra temos a descrição da vida difícil e das
privações dos dois irmãos Abdullah e Pari e da sua família. Com a chegada do
inverno o pai dos dois irmãos vê-se obrigado a vender Pari, para que todos
possam sobreviver ao Inverno rigoroso no Afeganistão. Este acontecimento traumatizante
acaba por nos deixar “marcas” durante toda a leitura. Ao longo do livro muitas
personagens vão sendo descritas, o pai, a madrasta e a sua irmã, o meio-irmão,
o tio (irmão da madrasta) que trabalha em Cabul para um milionário e a sua
esposa, dois primos que moram na rua desse milionário, um cirurgião que se
encontra em Cabul a prestar ajuda humanitária, um ex-combatente da guerra no
Afeganistão e o seu filho, e outras mais. Personagens atrás de personagens vão
aparecendo e vamo-nos questionando o que terão elas a ver com a vida dos dois
irmãos. Entretanto vamos compreendo que o autor está como que a oferecer-nos peça a peça de um puzzle, e ao construir esse
puzzle vamos compreendendo como tudo encaixa e a relação que têm com os dois
irmãos.
Penso que por vezes Khaled
Hosseini se dispersou nessas
personagens. Senti que quando ele me agarrava a essa nova personagem,
propositadamente mudava para outra, “coisa” que aconteceu durante todo a obra,
acabando por a vida dos dois irmãos ficar para segundo plano. Essas personagens
tinham uma vida tão rica, que fui “desculpando” o adiamento do reencontro dos
dois irmãos, mas não sei se isso resultará com todos os leitores, porque este adiar
constante pode acabar por provocar o desinteresse do leitor por esta leitura.
O contraste entre todas estas personagens é muito
interessante, e a forma como elas amam (cada qual à sua maneira) este país
complicado. A escrita fluída e a forma como o autor descreve as paisagens e o
cenário de destruição, faz-nos criar uma imagem de tudo na nossa imaginação sem
se tornar enfadonho.
Apesar de na minha opinião o reencontro dos dois
irmãos tenha ficado para um plano secundário, e a sinopse do livro nos sugira o
contrário, gostei bastante desta obra.