"Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa" de Judith Kerr (Opinião)
30/08/2017 by Lígia
SINOSPE:
Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa é uma das
obras mais lidas por jovens de todo o mundo. Considerada um clássico da
literatura juvenil, e inspirada na vida da própria autora, fala-nos da Segunda
Guerra Mundial numa nova perspetiva e até com algum humor. Vive-se o ano de
1933. Anna tem apenas nove anos e anda demasiado ocupada com a escola e com os
amigos para reparar nos cartazes políticos espalhados pela cidade de Berlim com
a suástica nazi e a fotografia de Adolf Hitler, o homem que muito em breve
mudaria a face da Europa. Ser judeu, pensa ela, é apenas algo que somos porque
os nossos pais e avós são judeus. Mas um dia o pai dela desaparece
inexplicavelmente. E, pouco tempo depois, ela e o irmão, Max, são levados pela
mãe com todo o sigilo para fora da Alemanha, deixando para trás a sua casa, os
amigos e os amados brinquedos. Reunida na Suíça, a família de Anna embarca numa
aventura que vai durar anos.
AUTORA:
Judith Kerr nasceu
em Berlim, em 1923. O seu pai, um famoso escritor alemão e feroz crítico do
regime nazi, temia sofrer represálias caso Hitler subisse ao poder. Por isso,
fugiram da Alemanha quando Judith tinha apenas nove
anos. Judith, os pais e o irmão atravessaram a Suíça e a
França e, em 1936, chegaram a Inglaterra. Foi aí que a autora escreveu esta
história semi-autobiográfica, Quando Hitler Roubou o Coelho
Cor-de-Rosa, publicada pela primeira vez em 1971, e considerada um
clássico da literatura infanto-juvenil.
Em
1945, Judith ganhou uma bolsa para a Central
SchoolofArts, e, desde então, tem trabalhado como artista, guionista de
televisão e, ao longo dos últimos trinta anos, como autora e ilustradora de
livros infanto-juvenis.
OPINIÃO:
Esta
obra tem um prefácio muito interessante, escrito pela tradutora desta obra, a
jornalista e escritora, Carla Maia de Almeida. De uma forma sucinta e clara faz
uma comparação entre a vaga de refugiados que a Europa tem tido nos últimos
anos, com a da Segunda Guerra Mundial. Para dar a conhecer e a entender ao
leitor como Anna e as crianças refugiadas, se sentem muito sozinhas, pede para
nos imaginarmos sozinhos sem a nossa família, sem a nossa casa e amigos, e
percebermos o quanto terrível isso é. Pede para tentarmos estar na pele dessas
pessoas, e sentirmos o sofrimento pelo qual estão a passar.
Esta
história é uma semi-autobiográfia da autora, ela é a pequena Anna. Desde o início
a autora consegue transmitir os sentimentos de Anna. Os medos e dúvidas de uma
criança de 9 anos. Uma criança que tinha tudo, e que não consegue entender como
outras pessoas lhe pode vir a fazer mal e à sua família, sem qualquer motivo
aparente. E que se vê de um dia para o outro obrigada a largar tudo o que tem
desde que nasceu, como os seus brinquedos (o tal coelho cor-de-rosa que teve de
deixar para trás e se perdeu para sempre), bem como a escola, os amigos e a sua
casa.
Primeiro
passou pela angústia de ficar durante bastante tempo sem o seu pai. Sem perceber,
que a grande mudança que iria acontecer em Berlim (as eleições que fizeram Hitler
subir ao poder), faria dela, da sua família e de milhares de judeus, pessoas
que não seriam mais bem vindas no país em que nasceram e que era a sua casa. Se
para um adulto é difícil entender, imaginem para uma criança.
Entretanto
ela, o irmão e a mãe foram ao encontro do pai num novo país, na Suíça. E
tiveram de começar uma nova vida, com novos amigos e uma nova escola.
Como
o pai deixou de ter trabalho, e já que ele era escritor e era conhecido por ser
contra o regime, acabou por ter de ir para França. Desta vez foi a mãe e o pai,
mais tarde foi Anna e o irmão. Aqui para além de tudo ter mudado e de terem um
novo recomeço, também mudou a língua. Vamo-nos
apercebendo das dificuldades que Anna e o irmão vão passando para se adaptar,
mas conseguem construir uma vida num país que vai se tornando a sua nova casa.
Vamo-nos inteirando da pobreza desta família, nas dificuldades para se vestirem
quando as roupa estão pequenas e mais que gastas, vamos nos apercebendo do
desespero da mãe e do pai para terem dinheiro para se alimentarem e pagarem uma
renda. Até ao dia que têm de fazer novas mudanças, vão para Inglaterra, para um
novo recomeço e um futuro melhor. O pai e a mãe de Anna pensão ir à frente, e
só mais tarde levarem consigo Anna e o Irmão, enquanto isso ficavam em França
com a avó. É ao ver-se nessa angústia, que Anna faz os pais entenderem que o
mais importante de tudo é estarem sempre juntos, aconteça o que acontecer, quaisquer
que sejam as dificuldades, têm de se manter sempre unidos.
Um
livro muito bom, em que fala no que mais importante há na vida, uma família
unida e bons amigos, e também o que de mais cruel pode existir na natureza
humana.
Uma
obra comovente, de uma forma por vezes séria, outras engraçada e com humor, nos
transporta pelos olhos e sentimentos de uma criança, até ao dia à dia e às
dificuldades de uma família judia, durante a Segunda Guerra Mundial.
Uma
obra que nos faz entender que em alguns aspectos estamos a cair nos mesmos
erros que caímos no passado.
IDADE
RECOMENDADA: +7 anos
Parece muito bom!!
Excelente opinião!
Obrigada Paula. ;)
Beijinho
Há muito tempo que quero ler este livro pelos excertos que aparecem nos manuais escolares...
Olá Maria João.
É uma boa leitura tanto para crianças, como para adultos.
Mostra-nos que as crianças na sua inocência, em adversidades são bem mais fortes, do que muitas das vezes nós adultos pensamos. ;)
Beijinhos