SINOPSE
Sage Singer é padeira de profissão. Trabalha de noite, a preparar o pão e os bolos para o dia seguinte, tentando fugir a uma realidade de solidão, a más memórias e à sombra da morte da mãe. Quando Josef Weber, um velhote que faz parte do grupo de apoio de Sage, começa a passar pela padaria, os dois forjam uma amizade improvável. Apesar das diferenças, veem um no outro as cicatrizes que mais ninguém consegue ver. Tudo muda no dia em que Josef confessa um segredo vergonhoso há muito escondido e pede a Sage um favor extraordinário. Se ela disser que sim, irá enfrentar não só as repercussões morais do seu ato, como também potenciais repercussões legais. Agora que a integridade do amigo mais chegado que alguma vez teve está envolta numa névoa, Sage começa a questionar os seus pressupostos e as expectativas em torno da sua vida e da sua família. Um romance profundamente honesto, em que Jodi Picoult explora graciosamente até onde podemos ir para impedir que o passado dite o nosso futuro. 


OPINIÃO
Sage Singer, depois de um acidente de viação (era ela a condutora), em que faleceu a sua mãe, e deixou em si uma enorme cicatriz no rosto (do qual ela tem enormes complexos), do nada tornou-se padeira como o seu bisavô. Trabalhando à noite, vive uma vida de solidão, para tentar fugir da realidade e das más memórias. Num grupo de apoio conhece o velhote Josef Weber que frequenta também a padaria onde Sage trabalha. Entre eles estabelece-se uma amizade, e é assim que um dia Josef pede um enorme favor a Sage e lhe conta um segredo vergonhoso. Josef confessa que foi um antigo SS Nazi, por isso quer o seu perdão (Sage vem de uma família judia) e que o ajude a morrer.

É aqui que entra Leo, um agente federal do Gabinete de Investigações Especiais e Minka sua avó, que passou a sua juventude na Polónia e sendo judia, esteve em vários campos de concentração, entre eles o de Auschwitz. Durante todo o livro vamos a conhecendo o dia a dia de Sage, e a juventude dramática de Minka. Sage desconhecia a história e as “cicatrizes“ que a avó traz da sua juventude. Passado esse que a avó tentou sempre esquecer,  e tentou construir um futuro melhor para si e os seus, sem os fantasmas do passado. Mas como Minka diz a Sage "...o mundo não aprendeu nada. Continua a haver limpeza étnica. Há discriminação... Pensava que, sem dúvida, a razão para ter sobrevivido fora para me assegurar de que uma coisa como aquela nunca mais voltaria a acontecer mas, sabes, devo estar enganada. Porque, Sage, continua a acontecer. Todos os dias."

Durante este regresso ao passado e presente, entra uma terceira história. Uma história muito rica e inventada por Minka na sua adolescência, história essa que a fez cruzar-se com Josef em Auschwitz e que a ajudou por vezes a afastar-se da realidade que vivia...

Jodi Picoult como sempre, consegue agarrar o leitor por completo. Faz-nos viver o passado de Minka como se também estivéssemos presentes, envolve-nos de tal forma, que nos deixa ainda a pensar depois de terminarmos o livro (como acontece com todos os livros desta autora, na minha opinião).

Será que estas pessoas, que trataram outros seres humanos pior que bichos, se conseguem perdoar a eles próprios? Será que ao quererem ser perdoados pelos judeus, no fundo querem se sentir apenas melhor e assim julgam-se capazes de se perdoar pelo mal que fizeram? Porque foi tão mau aquele que atacou, como aquele que deixou atacar e não fez nada para proteger o agredido.
Uma das personagens a quem Sage pediu um conselho chegou a dizer:
“Não sei o que essa pessoa te fez, e não tenho a certeza se o quero saber. Mas perdoar não é algo que se faz por alguém. É algo que fazemos por nós próprios. É dizer: Não és suficientemente importante para teres poder sobre mim. É dizer: Não me vais deixar presa ao passado. Eu mereço um futuro. “
Sem dúvida que dá que pensar.

Vou terminar usando vários adjetivos para descrever este livro: emotivo, real, sensível, original, honesto e arrebatador.

As opiniões da Paula de outras obras da autora:
O Poder das Pequenas Coisas

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