Sinopse
Quando Tim Ellison encontra um quarto barato para alugar num dos melhores locais de Sydney, parece um golpe de sorte: estará perto do restaurante onde trabalha e ainda mais perto do seu lugar preferido para praticar surf. Mas há uma condição para que possa arrendar um quarto: Tim terá de fazer todos os recados à misteriosa dona do quarto, uma mulher muito reservada e pouco amistosa, que nunca abandona a casa.
Tim esforça-se cada vez mais por conhecer melhor a figura inquietante de Anna. A princípio pouco reservada, ela começa a revelar-se aos poucos: a sua história, a sua tristeza, os seus medos paralisantes.
É então que começam a acontecer coisas estranhas na casa: golpes a meio da noite, figuras inexplicáveis nas sombras, mensagens sinistras nas paredes. Tim assusta-se porque, ao mesmo tempo que o seu desconforto em relação àquela casa vai aumentando, crescem também os seus sentimentos pela bela e misteriosa dona da casa.
Que tipo de pessoa será Anna London: alguém que merece compaixão, alguém para amar ou alguém para temer?

Opinião
Excepcional. Visual. Intenso.
O que dizer sobre este livro de Rebecca James? Bem, há muito que dizer, na verdade. Para começar, posso assumir que desconhecia a autora. Que vergonha, não é? Pois, por mais incrível que possa parecer-vos, eu também tenho as minhas falhas. Residuais, é certo, mas ainda assim existentes.
Mas vamos lá parar de falar de mim e das minhas qualidades para nos debruçarmos sobre a Rebecca, ok?
Esta autora enquadra-se, a meu ver, naquele registo de novos escritores que têm vindo a surgir aos poucos. Daqueles que não pretendem ser "furacões literários", mas que, tendo consciência daquilo que fazem e daquilo que querem transmitir, acabam por ser brilhantes por se manterem fiéis a si mesmos e, principalmente, por escreverem com a alma. Sim, como se de dentro das suas cabeças saíssem uns deditos bem compridos, sempre prontos para teclar no computador. E para se escrever com a alma nem sempre é necessário cuspir um turbilhão de sentimentos para o interior das folhas de papel. É possível fazer o mesmo contando uma história. Uma história aparentemente vulgar que relata a vida de personagens invulgares. Ou melhor, reportando-se a personagens vulgares, possuidoras elas de uma história invulgar. Confuso? Nem por isso. Para perceberem onde quero chegar basta lerem o livro.
Como sabem, eu não costumo resumir o conteúdo das obras. Nem vou fazê-lo neste caso. Mas posso aguçar-vos o apetite. "Doce Tortura" é, para mim, um dos livros do ano. Tem tudo aquilo que admiro numa obra literária e (vou repetir-me com a opinião que dei quando li "A Rapariga do Comboio") acaba por ser um não-thriller disfarçado de thriller. Na verdade, adorei-o. Porque eu sempre adorei livros que saem de dentro dos autores, em detrimento daqueles que tentam atingir o interior dos leitores. A segunda questão é, pelo menos neste caso, consequência da primeira, embora se note que tal situação não seja a prioridade de Rebecca. Pelo menos essa é a minha forma romântica de ver as coisas.
Além disso, a autora revela-se mestre na descrição, principalmente nos momentos mais tensos e emotivos. Cheguei mesmo a temer ler a frase seguinte, o instante seguinte, a um momento que parecia não poder ser pior do que aquele que o antecedia.
Rebecca James é australiana e a sua escrita parece ter aquilo que a Austrália tem em força: uma mistura de culturas cheias de vitalidade, personalidade e saúde. E ela parece colher o melhor de cada uma delas. Já tinha sentido isso com o genial Christos Tsiolkas e voltei a sentir o mesmo com a não menos brilhante Rebecca James.
Fiquei encantado por conhecer este romance e não vou descansar enquanto não tiver o outro livro publicado pela autora em português, também ele sob a chancela Suma de Letras.

3 comentários:

    Fiquei mesmo curiosa!

     
    On 31 agosto, 2015 Paula disse...

    Fiquei curiosa!!! Mas tenho tanto livro ainda por ler...

     
    On 31 agosto, 2015 Vasco disse...

    Passa à frente. :D

     

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