Sinopse
CAPITAL FUCK: Os Contratos do Comerciante. Uma comédia Bancocrática escrutina a frenética especulação de banqueiros e pequenos investidores à volta de activos fictícios. Partindo de uma série de escândalos financeiros um pouco por todo o mundo, Elfriede Jelinek utiliza a realidade como pretexto para um jogo ardiloso de exacerbação e distorção melodramática.
Simultaneamente ensaio, análise, denúncia, caricatura e jogo assentes na espiral associativa de palavras e trocadilhos verbais, o texto de Jelinek não é mais do que uma reflexão sobre os sistemas bancário, imobiliário e de crédito. Um texto rigoroso e controverso que nos faz pensar no modo como as vítimas, ao acusar os outros, provam a sua própria culpa. Aqui ninguém é inocente!

Opinião
Por norma não me agradam livros moralistas, daqueles que apontam o dedo às pessoas, por serem aquilo que, do ponto de vista do autor, não deveriam ser. Nesse sentido esta obra é bastante moralista e não aponta um dedo, aponta muitos dedos - caso isso seja possível - e a muita gente. Na verdade aponta uma série de dedos a quase toda a gente.
No entanto, apesar desse moralismo todo, a autora tem toda a razão naquilo que diz. Não sei se no seu dia-a-dia ela segue aquilo que pronuncia - também não vou pesquisar acerca disso, afinal, apetece-me ser um bocado moralista como ela o é -, mas Janilek defende algo que hoje parece ser consensual: a ganância por parte dos grande banqueiros e dos pequenos investidores acaba por, mais tarde ou mais cedo, dar em asneira. E a grande vitória de Janilek - que certamente será a primeira a desgostar dessa mesma vitória - foi ter escrito esta peça antes da hecatombe financeira ter desgraçado a vida de muita gente nesta parte do mundo que caracterizam como sendo civilizada.
Janilek é mordaz e avassaladora no juízo da leviandade da alma humana. Também estou totalmente de acordo neste ponto. 
Capital Fuck: Os Contratos do Comerciante. Uma Comédia Bancocrática é uma obra inteligente que tem de ser lida com uma certa predisposição para o efeito. Digo certa para pessoas como eu que não colocam o dinheiro à frente dos seus valores, nem buscam o santo graal do sistema bancário (aka obter dinheiro fácil através de juros e investimentos milagrosos), porque quem de facto perdeu capital através de acções ou compra de papéis comerciais não achará piada nenhuma às palavras desta autora que um dia venceu o Prémio Nobel.
Poderão ler se se atreverem a isso.

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