"Para onde vão os guarda-chuvas", Afonso Cruz (Opinião)
20/05/2015 by Vasco
Sinopse
O pano de fundo deste romance é um Oriente efabulado,
baseado no que pensamos que foi o seu passado e acreditamos ser o seu presente,
com tudo o que esse Oriente tem de mágico, de diferente e de perverso. Conta a
história de um homem que ambiciona ser invisível, de uma criança que gostaria
de voar como um avião, de uma mulher que quer casar com um homem de olhos
azuis, de um poeta profundamente mudo, de um general russo que é uma espécie de
galo de luta, de uma mulher cujos cabelos fogem de uma gaiola, de um indiano
apaixonado e de um rapaz que tem o universo inteiro dentro da boca.
Um magnífico romance que abre com uma história ilustrada
para crianças que já não acreditam no Pai Natal e se desdobra numa sublime
tapeçaria de vidas, tecida com os fios e as cores das coisas que encontramos,
perdemos e esperamos reencontrar.
Opinião
Honesto. Estranho.
Hipersensível.
Geralmente,
não costumo falar muito das personagens quando dou a minha opinião
acerca dos livros que leio. Porém, desta vez, vou comentar apenas
cada uma das personagens. Para mim, faz todo o sentido, pois este
livro é sobre elas e para elas e sobre o que elas representam.
Fazal
Elahi. O ponto em comum entre todas as personagem. Será, porventura,
a mais frágil de todas elas; aquela que, apesar de pensar pela sua
própria cabeça, vive em função de todos os que o rodeiam,
acabando por ser, ao mesmo tempo, um pilar e o epicentro de um
terramoto que tende em atormentá-lo.
Badini.
Trata-se da minha personagem preferida. É primo do anterior e aquele
que o chama à razão, sempre sem voz, sempre com lucidez. É aquele
homem que tem tudo para ser infeliz, embora seja o único que
consegue viver com essa infelicidade, tornando-a no oposto.
Aminah.
Irmã de Fazal Elahi e também aquela que nega tudo aquilo que
deseja, refugiando-se em quantidades astronómicas de açúcar, que
por sua vez lhe dão cabo dos dentes. É a mulher que tenta ser má,
mas cujo karma não lhe devolve esse mesmo desejo.
Bibi.
A mulher de Fazal Elahi, a mesma que, ao contrário da cunhada, não
se nega àquilo com que sonha ser.
Salim.
Filho de Fazal Elahi, que pensa que é um avião.
Isa.
Filho adoptivo de Fazal Elahi, o americano que não é, mas sabe
todas as coisas de um mundo que cabe dentro da sua boca.
General
Krupin. Amigo do pai de Fazal Elahi, o homem que vence tudo e todos,
aquele seria uma espécie de ditador numa feroz ditadura e que pensa
que o sofrimento torna os seres vivos mais aptos a enfrentar a
adversidade.
Dilawar
Krupin. O filho do general. É o produto mais fraco de alguém que
quer tornar a descendência mais forte.
Há
ainda o hindu de espírito livre que se transforma por amor, o
muçulmano que odeia todos os que não são muçulmanos e o padre
católico que chegou até àquelas terras como consequência de uma
viagem improvável que o seu pai realizou.
Este
livro mistura os impossíveis de um mundo incompreensível, doente e
corrompido. É uma excelente leitura e uma óptima companhia, nem
sempre alegre, mas óptima na mesma.
Eu comecei a ler este livro, depois de todo o aparato em volta dele...
O facto é que li umas 50 páginas e parei... Talvez não fosse o momento...
Tenho de lhe pegar novamente!
Olá.
Paula, o livro na minha opinião é excelente. O meu preferido de Afonso Cruz. Mas concordo que talvez em alguns momentos não seja a leitura ideal.
Mas tenta novamente que vale bem apena.
Lígia
Não é o meu favorito. Tem uma particularidade que não me agrada tanto como outros.
Ainda assim, é Afonso Cruz. Logo, este livro é uma grande leitura, e belo, como sempre.