O livro escolhido para a 9ª leitura aqui no blogue, foi uma das obras de David Trueba - Quatro Amigos.
Quem leu, comente connosco no espaço reservado aos comentários, no fim do post :)


Opinião da Paula:
Bem, vou plagiar o Vasco (só para o chatear e depois para vermos o resultado) e atribuir 3 adjectivos a este livro. Assim, como ele sempre faz! Depois veremos as diferenças. Cá vai:
Divertido, real, objectivo!
Quatro amigos decidem embarcar numa viagem sem rumo, sem bagagem (ao menos assim deveria ter sido) sem responsabilidades, com destino incerto, tendo por certo apenas eles, uma carrinha cheirando a queijo e um fundo comum para pagar despesas! No pensamento, levavam mulheres, aquelas que iriam conquistar...
Seria uma viagem libertadora para reencontrar a felicidade sem limites, nascida da ausência de compromissos. Entretanto, a "coisa" não correria exactamente assim, pois todos eles já na casa dos trinta, levavam uma bagagem de responsabilidades e problemas que aos quinze não tinham, nem sonhavam ter! E por esta razão, a viagem não corre como planeado, pois por mais que se tentem abstrair e gozar o presente, o passado surge a todas as horas, minutos e segundos! Cada um, à sua maneira, sofre e pensa no que deixou para trás!
Acostumados a uma vida fruto da juventude a ponte para a maturidade é um tanto custosa de se fazer e a reflexão, de alguma forma, acaba por se impor!
A escrita do autor é limpa e directa, existem diálogos, que podem ser considerados por alguns leitores vulgares ou comuns, mas há que ter em atenção que esta é uma narrativa real, de acontecimentos bastantes próximos de nós, daí que penso, ter sido intenção do autor chocar /divertir o leitor com aquelas frases!
Gostei do modo que o autor fecha cada capítulo, colocando uma reflexão/pensamento escrito em guardanapo.
Gostei!

Opinião do Vasco:
Mordaz. Tocante. Ambíguo.
Entrei no mundo dos livros crus quando tinha uns 17 ou 18 anos. Fi-lo pela mão de um dos mais mordazes de todos: Irvine Welsh. Depois fui conhecendo outros autores com o mesmo poder de nos presentear verdadeiros murros, no estômago e não só. Veio o cru-boémio: Bukowski; o cru-inovador: Selby Jr; o cru-real: Aub; o cru-geracional: Ellis;  entre outros tantos crus, como Tsiolkas ou Palahniak.
Em seguida, vieram os crus-que-não-são-crus-porque-são-demasiado-intimistas-para-o-serem. Estes exploram o lado fatídico e oculto da vida, das pessoas e do mundo, sempre de forma delicada. Como o cru-que-não-é-cru-romântico: Coe; ou o cru-que-não-é-cru-lusitano: Machado; ou o cru-que-não-é-cru-metafísico: Murakami.
Agora acabei de conhecer outro cru-que-não-é-cru: Trueba.
“Quatro Amigos” é um daqueles livros que não se esquecem - eu pelo menos não me esquecerei -, daqueles do qual gostamos cada vez mais com o passar do tempo. Daqueles que se encontram permanentemente presentes nas nossas vidas, porque sentimos que o autor sabe do que fala e porque também nós, leitores, sabemos do que ele está a falar. Pelo menos eu sei. Senti tudo aquilo que ele quis transmitir acerca da amizade, do futuro, das relações amorosas, do choque entre as gerações, de andar à deriva por entre pensamentos que incidem sobre aquilo que somos, aquilo que fomos e aquilo que poderíamos ter sido.
Trata-se de um raio de um livro estupendo. Não apenas um murro no estômago, mas antes um enxerto de porrada, como aquele que desejamos dar àqueles que nos arreliam até à exaustão.
“Quatro Amigos” é um grande livro, uma enorme obra, e um atentado à sanidade das pessoas que julgam ser livres.
David Trueba acaba de se juntar às minhas prioridades de leitura, aquelas que demorarei a esgotar por temer que um dia nada mais me reste por ler.


4 comentários:

    On 16 janeiro, 2015 LC disse...

    Boa tarde.

    Desconhecia este escritor e tal como vocês gostei bastante.
    Foi uma boa descoberta.

    Agora que venha a 10ª leitura.
    Curiosa por saber as vossas sugestões. ;)

    Bom fds.

    Lígia

     
    On 17 janeiro, 2015 Anónimo disse...

    Vasco, entrou tarde no mundo dos livros.

     

    Infelizmente, não tive tempo de ler este livro, mas está na lista para 2015! :)
    Depois de ler as vossas opiniões fiquei ainda mais curiosa!

    Beijinhos

     
    On 19 janeiro, 2015 Vasco disse...

    Pois entrei, Anónimo.
    Fui fazendo outras coisas, umas igualmente valiosas, outras autênticos disparates.
    Gostava de ter entrado mais cedo em determinadas áreas, mas nos livros nem por isso.
    Cada um com o seu caminho.

     

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