"A Vida Privada de Maxwell Sim", Jonathan Coe
07/05/2014 by Vasco
Maxwell Sim bateu no fundo. A sua vida pessoal é um vazio.
Ele tem 70 amigos no Facebook mas ninguém com quem falar. Mas tudo muda graças
a uma disparatada proposta de trabalho: conduzir um carro carregado de escovas
de dentes de Londres até às remotas ilhas Shetland. Um percurso longo que
Maxwell decide preencher com uma série de visitas surpreendentes a figuras do
seu passado. Acompanhado por "Emma", a voz feminina do seu GPS, com
quem estabelece uma peculiar relação, ele não imagina que está a iniciar uma
viagem íntima que o mudará para sempre.
Opinião
Soberbo. Intrigante. Pungente.
Por onde começar?
Talvez em primeiro lugar pelo autor.
Jonathan Coe é, entre todos, o escritor que mais me marca – e fá-lo sempre, em
qualquer livro que pego –, pelos mais variados motivos. Alguns deles não
partilharei, porque se trata de algo demasiado pessoal. Outros, porém, podem ser enumerados.
Tudo o que ele escreve acaba por ser uma abordagem ao mundo totalmente
diferente da que outros escritores protagonizam, ele vê e sente o mundo de uma
forma quase única. Além disso, o seu talento para comunicar através daquilo que
concebe é imenso. Todas as frases, todas as ideias e o caminho que os seus enredos
seguem são puro sentimento, pura vivência de alguém que vê mais além, que vive
com mais intensidade.
Agora o livro.
Bem, “A Vida Privada de Maxwell Sim” é
como todos os outros que escreveu: genial. Gira em redor da vida de um malogrado,
que é quem não quer ser, de alguém que não tem força para ser o oposto daquilo
que é. Maxwell é o resultado de uma teia que começou a ser tecida bem antes de
ter nascido, e, ao longo do livro, ele parte atrás de si mesmo e atrás do seu
passado, dos seus fantasmas. É um homem inoperante e frustrado, cuja vida
parece ser vivida em função daquilo que lhe é apresentado e não daquilo por que
realmente anseia.
Claro que, sendo um livro de Jonathan
Coe, existem doses generosas de ironia – a famosa ironia do destino mas também
ironia social –, de busca incessante, de excentricidade, de sorrisos, de
ligações inesperadas, de uma espécie de sentido cósmico.
Jonathan Coe é um dos meus autores de
eleição; está no topo das minhas preferências e tenho a certeza que lá
permanecerá.
Recomendo, não vivamente como costumam
dizer, mas ‘eternamente’.
Uma obra excepcional de um autor que merecia ser mais divulgado.
Adorei ler "A vida privada de Maxwell Sim ",pelo desenvolvimento do enredo em que nos vamos envolvendo de tal forma, que somos capazes de percepcionar todas as suas vivências sem ,no entanto ,perspectivar o que vai acontecer a seguir.
Simplesmente genial!