Sinopse:
«O romance A Alegria de Ser Miserável explora a vida de um homem de  feitio rude, que despreza o seu contexto social e a necessidade de relação com os outros. «Se alegria houvesse, e festa se anunciasse  para a celebrar, Zé era convocado por carta, para não contaminar contentamentos». Porém, sofre uma embolia que lhe retira «a capacidade  de sentir tristeza», ficando «impossibilitado de ficar deprimido», perdendo «competências em ser miserável». A sua irmã Alma da  Encarnação, que «teria muito para fazer nesta vida e noutras, quem sabe, que no nome para lá tinha atalho», é uma personagem secundária  que, num inesperado jogo de perspetivas, desenvolve uma singular densidade arquitetónica. O protagonista, Zé da Paixão, experimenta  várias profissões irrelacionáveis, numa vida que é conduzida pelo acaso, e vem a conhecer uma mulher por quem sente uma fixação  inconsequente. Num exercício literário que ultrapassa as habituais técnicas narrativas, a autora faz o seu personagem central assumir a  coragem de sobrepor a vontade à oportunidade, conduzindo-o pelas suas teias mentais, dando uso a recursos narrativos atípicos. E à medida  que a leitura se faz deixamos de ter a certeza se se trata na verdade de uma história de amor. É uma escrita leve, mas com subtis sinais de  seriedade embutidos num intuitivo e engenhoso sentido de humor. Rute Simões Ribeiro expõe uma narrativa nova, destacando-se dela própria e  ilimitando-se numa escrita, uma vez mais, sem grilhos e sem condicionantes.


Opinião:
O protagonista desta obra é Zé da Paixão, personagem “castiça” que vive num despreendimento absoluto, sem a preocupação de agradar seja quem for (por vezes um pouco frio, que pode ser interpretado como desprezo, mas não é essa a sua intenção), sem pensar no dia de amanha, como se vivesse num mundo paralelo ao nosso. Durante a obra vamos ouvindo e descobrindo as suas ideias… sim, entenderam bem… as ideias que lhe vão na alma… e as ideias que conversam umas com as outras… siiiim… o que lhe vai dentro da sua cabeça… do seu cérebro. E o que vemos por “dentro”, demonstra o que o Zé é por fora… uma pessoa simples (de complicada nada tem), mas não julguem que de tão simples, despreocupado e até um pouco frio com as pessoas com que se cruza, nas suas ideias ele não é assim tão despreocupado como parece. Na primeira profissão em que o conhecemos (um pouco estranha até), ele despedia pessoas, e para isso ele “pesquisava” a vida delas e fazia com que fossem elas a despedir-se e partissem para uma profissão que lhes desse prazer e as fizesse felizes. Na realidade ele fazia um dos maiores bens que se pode dar a alguém, enveredar pela profissão que as pode sustentar e fazer feliz. Foi assim que conheceu a paixão da sua vida, uma paixão de carne e osso, e foi assim que essa paixão seguiu a sua verdadeira paixão. Confusos?? Até parece um pouco, mas quando pegarem e devorarem por simples impulso esta obra, já não o vão achar, nem no dia em que o Zé deixa de sentir tristeza e tudo para ele é uma alegria.

O “Ensaio sobre o Dever (Ou a Manifestação da Vontade)”, é a primeira obra publicada desta autora, foi uma obra que devorei e adorei até à última página. Foi uma obra que me deixou curiosa pela chegada da próxima. Pensei cá com as “minhas ideias” que dificilmente Rute Ribeiro pudesse ultrapassar o quanto foi maravilhosa, tanto na forma de escrever, como na imaginação de todo o enredo… não podia estar mais enganada. Quanto à escrita, se eu não soubesse de quem era esta obra, depressa chegava lá (pois tem uma escrita diferente e muito própria), quanto à imaginação…. a autora tem tal como Zé da Paixão “as ideias” sempre a fervilhar, uma imaginação soberba, que trás para o enredo situações que dificilmente alguém se lembraria, e é isso que tanto me agrada e me agarra da primeira à última página.


Disponível na Amazon em versão impressa e ebook aqui.
Podem ler a minha opinião da obra “Ensaio sobre o Dever (Ou a Manifestação da Vontade)” aqui.
aqui a participação da autora na nossa rubrica ““O Livro” aquele que para mim é único”.

3 comentários:

    Eu ainda não o li, mas fiquei deveras curiosa. Este tipo de personagem e comportamento encantam-me. Vou comprar! Obrigada pela opinião. Se não fosse ela, não ira, decerto, à procura deste livro.

     

    Parece interessante 😊

     
    On 07 agosto, 2018 Lígia disse...

    Olá.

    Carolina E Isabel, não se vão arrepender desta leitura, é uma obra magnífica.

    Beijinhos

    Lígia

     

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