“Na Rússia com Rilke” de Lou Andreas - Salomé (Opinião)
11/04/2018 by Lígia
Sinopse:
Este diário de viagem, iniciado em Moscovo em abril e
terminado em agosto de 1900, é um documento da maior importância para
compreender a evolução de Lou Andreas-Salomé.
Nesta viagem, Lou reencontra o país da sua infância. É uma época em que alcança a maturidade, e o destino surge-lhe com uma promessa de plenitude. O diário é ocasião de uma descoberta de si própria, pois a viagem é para ela uma realização do seu ser.
A Rússia evocada é também a de Tolstoi, que os dois viajantes — Rilke e Andreas-Salomé — visitam, e dos movimentos que anunciam a Revolução de Outubro de 1917.
Nesta viagem, Lou reencontra o país da sua infância. É uma época em que alcança a maturidade, e o destino surge-lhe com uma promessa de plenitude. O diário é ocasião de uma descoberta de si própria, pois a viagem é para ela uma realização do seu ser.
A Rússia evocada é também a de Tolstoi, que os dois viajantes — Rilke e Andreas-Salomé — visitam, e dos movimentos que anunciam a Revolução de Outubro de 1917.
Opinião:
“Na Rússia com
Rilke” é um pequeno diário da viagem realizada em 1900 pela escritora, filósofa,
psicanalista Lou Andreas - Salomé, com Rainer
Maria Rilke.
A escritora
cresceu no seio de uma pequena comunidade de emigrados alemães na Rússia, onde
o seu pai obteve autorização do czar para criar uma igreja reformada. Falava e
escrevia sobretudo em alemão, mas era igualmente fluente em russo e francês.
Aos dezassete anos perdeu o pai, adotando como mestre o pastor Hendrik Gillot,
que lhe ensinou teologia, filosofia, história das religiões e literatura
francesa e alemã.
Convertida à
religião luterana, Lou recusou uma proposta de casamento de Gillot. Partiu com
a mãe para Zurique, onde se inscreveu na universidade, a única europeia que, na
época, admitia mulheres.
Para a época Lou
era uma mulher muito moderna, foi uma intelectual que escandalizou a sociedade
por quebrar várias regras morais e por ter tido vários relacionamentos amorosos.
Em 1887, Lou casou com Friedrich Carls Andreas, mas esta ligação não a impediu
que se envolvesse sentimentalmente com o Jornalista e político Georg Ledebour.
Em 1897 ainda casada, conheceu Rainer Maria Rilke (foi quem a acompanhou nesta
viagem à Rússia), e teve uma relação amorosa que durou três anos, a amizade,
essa durou por toda a vida.
Neste diário Lou
não fala das suas relações amorosas, do marido apenas diz uma vez que está a escrever
sobre a viagem e que lhe vai enviar uma carta, sobre Rilke também diz muito
pouco.
Lou ao longo
desta viagem recorda e encontra a sua infância, como se estivesse a procurar o seu
verdadeiro “eu”, no fim desta viagem sente-se uma nova pessoa.
Durante viagem visita
Moscovo, Tula, Kiev, Poltava, Saratov, Nisovka, Novinki, Tchudovo, Novgorod,
Finlândia e Rongas.
Como religiosa, visita
várias igrejas e descreve o seu interior de forma muito minuciosa, comparando-as
umas com as outras, por diversas vezes menciona a relação do povo com a
religião.
Esteve algumas
vezes com Tolstoi, e com o filho deste.
Visitou várias galerias
de arte, e explicou minuciosamente o que continha e o que interpretava em
diversas obras que viu de diversos artistas Russos.
Lou para além de
muito curiosa é muito descritiva, e tenta sempre ir ao pormenor de tudo o que
vê e nas conversas que tem, com as diversas pessoas com que vai tendo contato
ao longo da viagem. Tanto que quando descreve uma paisagem e o seu povo, é como
se estivéssemos a seu lado a ver essa imagem.
Gosto bastante
da capa deste livro, é muito simples, uma fotografia da autora, onde mostra
toda a sua beleza e a expressão do seu olhar.
Quanto às “Notas
de Tradução”, na minha opinião ficariam melhor no rodapé da página, a onde essa
nota é necessária, em vez de estarem nas últimas páginas do livro. Talvez
tenham optado por o fazer dessa forma devido à pequena dimensão das páginas deste
livro.
Gostei de
conhecer esta mulher tão ousada e inspiradora.
Para mais informações ver aqui.