“Não Contes Nada” de Lisa Scottoline (Opinião)
20/12/2017 by Lígia
Sinopse:
O seu filho vai a conduzir. Só veem o homem aquando já
é tarde de mais. E o pior acontece. Uma decisão. O futuro de uma família
arruinado. Quando Jake Buckman decide deixar Ryan, o filho de dezasseis anos,
praticar a condução numa estrada deserta a caminho de casa, não faz ideia das
consequências fatais do seu gesto. Na escuridão da noite, aparece um homem a
correr vindo não se sabe de onde e a colisão é fatal. Agora Jake e Ryan têm
duas opções: admitir a responsabilidade de Ryan... ou seguir para casa como se
nada tivesse acontecido. O que se segue não é um caso clássico de atropelamento
e fuga, mas sim a decisão instintiva de um pai que fará qualquer coisa para
proteger o filho. Até onde deverá ir o sacrifício de um pai para proteger o
filho? E será que alguma família conseguiria suportar o fardo de um tal
segredo?
Opinião:
De
um momento para o outro o rumo da família Buckman altera-se completamente. Jake
pai de Ryan, ao tentar ter uma relação mais próxima com o filho adolescente,
numa noite que o vai buscar ao cinema, a caminho de casa acaba por ceder ao
pedido deste e deixa-o conduzir o seu carro. Quando tudo parecia correr bem,
numa pequena distracção, Ryan acaba por colidir com alguém que se atravessou na
estrada. O pior aconteceu, esse alguém está morto, e naqueles instantes de
aflição, para protecção de Ryan, Jake escolhe seguir para casa como se nada
tivesse acontecido, em vez de chamar por ajuda.
A
obra vai girar muito no arrependimento e no sentimento de culpa tanto de Jake
como de Ryan. Uma série de acontecimentos vão se passando e cada vez mais se
vão enleando num autêntico pesadelo. Quanto mais Jake tenta fugir do acontecimento
dessa noite, e tenta compor tudo de forma a proteger o filho, pior a situação fica
e a sua consciência também.
Esta
situação dá muito que pensar, porque é uma situação que pode acontecer a quem
normalmente conduz. Que reacção e atitude teríamos? O correto seria chamar por
ajuda, mas ao ver que isso iria destruir a vida do nosso filho será que faríamos
o correto? E o peso na consciência? E a vitima? E os pais da vitima? E a nossa consciência
e a do nosso filho? Será que alguém consegue viver com esse peso? Penso que
seria uma vida de constante tormento. Uma vida destruída tanto para a vitima e a
sua família, como para quem cometeu o crime.
Como
se vê, esta situação levanta muitas questões a nível ético e moral.
A
autora conseguiu transmitir toda essa angústia e drama familiar, pela qual Jake
e Ryan passaram, tanto que nos faz imaginar o que faríamos se estivéssemos
nesta situação e nos faz ficar de coração apertado. Por fim quando o desenlace não
parecia poder ser outro, uma reviravolta acontece, o que nos consegue
surpreender ainda mais.
Uma
obra que fica na memória durante muito tempo.