Opinião: Emile Zola, nasce em Paris a dois de Abril de 1840. Estuda e tem uma vida desafogada até à morte do seu pai. Faz-se ao mundo do trabalho como jornalista. Os seus artigos são sempre críticos e mordazes, sendo a igreja, muitas das vezes, o seu alvo. A certa altura diz: 

“ A civilização jamais alcançará a perfeição até que a última pedra da última igreja caia sobre o último padre”

Zola, escreve imensas obras, entre elas “O Crime do Padre Mouret” que é o 5º volume da saga “Os Rougon-Mcquart”.
Nesta obra, conhecemos o padre Mouret, um homem novo que exerce a sua vocação numa pequena aldeia chamada Artaud. Enquanto estudava no seminário sentia uma paixão avassaladora (quase doente) pela Virgem Maria. Olhar e venerar a Virgem, era o suficiente para alimentar-se. As descrições que Zola faz deste amor e vocação de Mouret, são descrições muito fortes e imbuídas de prazer.
Durante a sua juventude, Mouret, não havia sido corrompido pelo amor carnal, mas quando é “colocado” em sociedade para fazer o que mais gosta – pregar a sua paixão e a palavra de Deus – será posto à prova. E, será posto à prova numa espécie de paraíso (tal como Adão e Eva).
Albine, irá partilhar com Mouret o amor puro, no entanto, e a dada altura esta espécie de amor, não bastará e o amor carnal irá surgir! Mas Mouret é tirado deste “transe” por Anchangias que o faz mergulhar novamente no seu amor pela igreja. Albine é deixada para trás, abandonada ao seu destino de mulher amada e abandonada. No final, parece que só os animais choram a sua morte. Há toda uma analogia entre o que acontece aos animais dos habitantes de Artaud com com Albine.

“Enquanto esperavam que o chamuscassem, Mateus (o porco) com as patas no ar. O buraco aberto pela faca no pescoço do animal (…) caiam gotas de sangue (…). Pois uma franguinha branca entretinha-se a debicar uma a uma, as gotas de sangue com ar muito delicado”

Aqui, nesta descrição, o porco eu diria ser Albine e a franguinha branca a sociedade, a Igreja, no fundo o intocável Padre Mouret. Aquela figura branca e frágil que debica o sangue do animal morto selvaticamente não é mais do que a fachada ostentada pela sociedade que está longe de ser superior ao Porco.

Adorei!

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