Dia Mundial da Poesia com Casimiro Teixeira
21/03/2013 by Paula
"Que Alguém Saiba Que És Um Homem" de Casimiro Teixeira chegou cá a casa ontem, embora ainda não tenha terminado a leitura, partilho convosco, neste dia especial, um dos poemas que o compõe.
Alma Doente
Tenho sonhos doentes, que só a alma sente,
Tenho sonhos doentes, que só a alma sente,
anseios pisados, que por serem meus, assim os aturo.
A medo avanço com os passos virados ao futuro.
ainda mal refeito de saudades deste presente.
E o mistério que me enfeita?
Sei lá eu de que mistérios se faz a gente.
Do que conheço de mim, uma nesga se aproveita.
O resto entrego-o ai que a vossa alma sente.
Dai-me pois o vosso olhar atento.
que nas veias do que escrevo ali está a minha afronta.
Mas se me pedirdes que minta, isso eu não intento.
pois de tristes fados já tenho mais que a minha conta.
Cismo, já farto de velar minha alma doente,
e que ideia fareis vós de quem assim se lamenta?
Talvez o mistério seja maior para quem mente,
do que pra quem nem sequer o tenta.
E quem me ajuda neste anseio que me consome o dia?
Que raio de troca é esta que não me traz vista de cura?
Eu escrevo e em vós pressinto monotonia,
e o terror do desairem, esse, perdura!
Deixem-me os sonhos ao menos, que mais não vos pelo.
Prisioneiro desta maleita, daqui, já não escapo com vida.
E se assim tiver de ser, porque o mereço,
pois a doentes só a desgraça lhes é consentida.
Talvez o mistério seja maior para quem mente,
do que pra quem nem sequer o tenta.
E quem me ajuda neste anseio que me consome o dia?
Que raio de troca é esta que não me traz vista de cura?
Eu escrevo e em vós pressinto monotonia,
e o terror do desairem, esse, perdura!
Deixem-me os sonhos ao menos, que mais não vos pelo.
Prisioneiro desta maleita, daqui, já não escapo com vida.
E se assim tiver de ser, porque o mereço,
pois a doentes só a desgraça lhes é consentida.
in Que Alguém Saiba Que És Um Homem de Casimiro Teixeira
Olá Paula.
Não sei porquê o feed do teu blogue não está a actualizar no blogger e como tal não fazia ideia que já tinhas publicado mais qualquer coisa. Já estava a estranhar que não publicasses e afinal aqui estás.
Belo poema este do Casimiro.
Para se apreciar poesia é necessário um certo estado de alma que nem sempre me habita e que no meu caso é um pouco doentio... Por um lado é mau porque não leio grandes e muito belas obras mas por outro é, para mim muito bom. É que quando estou nesse estado de alma profundo, introspectivo e sensível, mesmo bom para a poesia, regra geral é sinal que algo não vai bem comigo, ou com o mundo em geral. :)
Boas leituras!
Um abraço.
Pois André, também já vi isso, não actualiza há uma semana. Não sei o que se passa nem como resolver :(