"De que tenho medo? De que as pessoas deixem de escrever cartas. De cavalos com manchas brancas no pescoço com a forma da Suiça. De ecrãs de televisão com estática. Das pessoas que escrevem livros ditados por divindades mas com má gramática. De homens que usam uma pala no olho sem ser preta. De palhaços com os pés pequenos. De vampiros mal vestidos. De canalizadores que assobiam Wagner. De relógios em que os ponteiros não se mexem mas que fazem tic-tac. De anões muito altos e gigantes muito baixos. De arranha céus em que ninguém está apaixonado.
 
O que me traz alegria? O atacador desatado de um miúdo de seis nos com um mau corte de cabelo. O cheiro dos livros (...) a pág 107 da edição da Penguin do The Heart is a loney Hunter. O ruído de um projector de cinema (...) um homem que beija uma mulher depois de ela lhe dar um estalo.
 
O que me faz triste? Paragens de autocarro vazias à chuva. Quando morre um cão cujo dono é uma criança. A página 107 da edição Pinguin do The Heart is a Lonely Hunter. Pensar na vida sexual dos bibliotecários com bexigas na cara.(...) a irreversibilidade do tempo. Que o café seja servido frio."
 
in À Espera de Moby Dick, Nuno Amado, pág 93

2 comentários:

    On 18 outubro, 2012 Draco disse...

    Digamos que não me entusiasmou por aí além, mas podia ser pior. Talvez dentro de um contexto.

     
    On 18 outubro, 2012 Paula disse...

    Olá Draco, concordo, nos dias de hoje há coisas que nos fazem mais medo, que nos tornam mais felizes e outras que nos entristecem de forma atroz. Acho que em qualquer contexto o autor poderia ter estado melhor!

     

Blogger Templates by Blog Forum