Carla M. Soares nasceu em 1971.
Formou-se em Linguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras de Lisboa, e tornou-se professora. Tem um Mestrado em Estudos Americanos (em Literatura Gótica e Film Studies). É doutoranda no Instituto de História da Arte, na Faculdade onde se formou. É, antes de mais, filha, mãe, mulher, amiga. Leitora e escritora compulsiva. Sempre.

Alma Rebelde é o seu primeiro romance, uma história de amor no século XIX, publicado pela Porto Editora em abril deste ano. Outros esperam, não na gaveta mas nas muitas pastas do seu netbook, uma oportunidade de serem lidos.




“É muito difícil para mim escolher um só livro especial, de entre as muitas obras maravilhosas que tenho tido a oportunidade de ler. Por isso, vou apontar dois: Hamlet, de Shakespeare, e Brave New World, de Aldous Huxley, que me vêm sempre primeiro à memória quando a pergunta me é colocada.
Hamlet, a peça intemporal de Shakespeare, fez parte do meu curriculo de estudos. Nenhum outro texto me deu o mesmo prazer a trabalhar, nenhum para mim teve, desde então, o mesmo equilíbrio entre a poesia das palavras e a brutalidade dos sentimentos, amor, medo, loucura, desejo. Não sei se uma nova leitura me traria o mesmo prazer, nem sei se a farei, porque desejo preservar essa sensação de irrepetibilidade: de ser este um livro que para mim é único.




Em Brave New World, Huxley constroi uma distopia em que cada membro da sociedade é clonado,  geneticamente manipulado, controlado através do consumo de ‘soma’ e da total ausência de literatura e outras expressões artísticas, para ser feliz com a sua posição e o seu trabalho – mesmo que seja no escuro e de cabeça para baixo. Narra o que acontece quando um selvagem, nascido e criado fora desse grupo dominante, se confronta com esta sociedade estratificada, repetitiva e aparentemente feliz. Há imagens que ainda trago comigo, como a de uma fábrica em que todos os trabalhadores são gémeos iguais. Ou a de uma escola apenas para Betas e Alfas, únicos que, nesta sociedade, são seres únicos. Ou de um só livro, precioso e proibido, fechado a sete chaves num cofre. O texto, obviamente datado, não se aprecia pela beleza da escrita, que é por vezes descritiva, mas pelo choque de nos reconhecermos estranhamente próximos desta distopia extrema. É arrepiante. Assustador. E nisso é único para mim.”

Carla M. Soares

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