O convidado de hoje é o "Vitor Frazão, autor do livro "Crónicas Obscuras - A Vingança do Lobo" e do conto "Vigília" (Nanozine nº 2).
O Vítor, é também administrador do blogue Crónicas Obscuras  onde partilha os seus textos.
Nascido a 16 de Junho de 1985, criado na vila de São Martinho do Porto, é um arqueólogo que gosta de escrever dark fantasy.


"Perguntem-me o meu livro favorito e direi “O Filho das Sombras” de Juliet Marillier; a primeira obra complexa que li e referirei “Ivanhoe” de Sir Walter Scott; a narrativa que levou a minha escrita à beira da destruição, para forçar um muito necessário salto evolutivo e mencionarei “Across the Nightingale Floor” de Lian Hearn ou aquele que moldou a minha visão do mundo e apontarei “A Arte da Guerra” de Sun Tzu, contudo, se me pedirem “O Livro”, aquele que para mim é único, não terei outro remédio senão indicar “O Estrangeiro” de Albert Camus.

Pela sua elevada qualidade de prosa e subtexto, vários são os livros que me lembram o longo percurso que tenho pela frente até ser digno de, sequer, merecer o anonimato da sombra dos grandes autores, a obra-mestra de Camus é o melhor e mais intimidante de todos. O merecido estatuto que alcançou na literatura mundial, deve-o não só à perfeição técnica que Camus alcançou na manipulação da palavra, em todos os níveis necessários à narrativa, mas também ao modo, brilhante na sua simplicidade, como é tratada a condição humana e o próprio absurdo da mesma, tão bem resumido na frase: “Nas nossas sociedades, qualquer homem que não chorar no enterro da mãe arrisca-se a ser condenado à morte”.

Eu sei, estou perigosamente perto de um discurso pseudo-intelectual, por isso, não entrarei mais fundo nessas águas, ficando-me por algo menos racional e mais emotivo. “O Estrangeiro” não é o meu livro favorito, nem sequer o género de obra pela qual normalmente me sinto atraído, contudo, foi impossível lê-lo sem sentir aquele ligeiro formigueiro na têmpora, que leva a admitir: “este é um bom livro”. Não porque me foi dito por toda uma bateria de especialistas, mas porque o senti visceralmente.

Na minha opinião, por errada que seja, acredito que parte da formação de um escritor passa pela leitura de determinadas obras, mediante o género. Um escritor de high fantasy tem de ler Tolkien, um que faça romances históricos não pode ignorar Sir Walter Scott ou Stephen Lawhead e se quem trabalhar com dark fantasy nunca contactou com pelo menos uma das histórias de Lovecraft, saltou uma parte crucial da sua evolução, mas qualquer que seja o género, há obras nas quais estão contidas os conceitos basilares para a formação de todos aqueles que querem levar a sério a arte de escrever, “O Estangeiro” de Camus é uma delas."

Vitor Frazão

3 comentários:

    On 27 janeiro, 2012 Paula disse...

    Olá Vitor,
    Li este mês "O Estrangeiro" e é uma leitura a que ninguém fica indiferente!

     

    Gostei imenso de ler estas palavras e sim este está na minha lista daqueles que não se esquecem.

     
    On 13 janeiro, 2017 Dulce disse...

    Foi o primeiro de 2017 e gostei.

     

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