Árvores do Alentejo



Árvores do Alentejo.

Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!
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E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
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Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
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Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
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Florbela Espanca
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Foto retirada da net

9 comentários:

    Muito bonito este soneto! Sabe, coisa curiosa, ontem mesmo, ao arrumar papéis, testes, etc, encontrei um teste de 1991 em que pusera esse soneto para os meus alunos do 11º ano -nesse tempo, 1º Ano Complementar- analisarem.
    E pensei: vou pô-lo no blog!
    Afinal, alguém o pôs num blog, nesse momento. Talvez haja uma quaqluer forma de telepatia, quem sabe? Como dizia o Branquinho da Fonseca são as tais "Zonas"... Ou o Régio: "Há mais mundos"...Parabéns por trazer a Florbela e o seu (e meu) Alentejo!

     
    On 23 fevereiro, 2010 José disse...

    O Alentejo... terra de tantos sonhos; árvores solitárias, campos amarelos de alegria e suavidade... saudades do futuro...

     

    Muito lindo o soneto.. eu não o conhecia.

     

    Florbela Espanca, bela e tocante, sempre. Ainda há pouco tempo estive a reler algumas páginas do seu diário, e descobri-a muito actual. Os sentimentos não passam de moda.
    Bjs

     

    Novo passatempo no Refugio dos Livros :D

     

    A Florbela Espanca sempre me impressionou pelo drama palpável na sua poesia. Mesmo em comunhão com a natureza a mágoa está presente. Gostei imenso deste soneto, que não conhecia.
    Com amizade

     

    Florbela Espanca
    Ontem, hoje e amanhã...

    Alentejo! Terra de sonhos
    Terra de amor e beleza
    Eu adoro o Alentejo
    E sua imensa "grandeza"

    Bjo Áurea

     
    On 25 fevereiro, 2010 Ana disse...

    Adorei este poema... :)
    Boa partilha.

     

    Florbela,
    Sempre magnífica, costumo dizer que é preciso ter cuidado ao ler a poesia desta poetisa, para que não sejamos arrastados por essa imensa tristeza que caracteriza os seus poemas :)
    Sem dúvida a minha poetisa preferida :)
    Um abraço a todos.

     

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