Tempo Adiado - Paula De Sousa Lima
16/11/2009 by Paula
Sinopse:
“De 1875 a 1975 o tempo suspende-se na vila. Adia-se na brancura silenciosa e fria em que imergem as meninas, no dobrar ininterrupto dos sinos, nas fitas cor-de-rosa que as mulheres guardam nas malas de mão, na vacuidade antiga do seu olhar.
As conversas volteiam ao sabor do chá e das bolachinhas de manteiga, mas não iludem o dobrar omnipresente dos sinos. A dor é um bloco de granito que não se estilhaça e não há palavras para dizê-la. As palavras de Lia adiam-se ante a máquina de escrever, até ao momento da revelação.
Em cadernos pautados, a voz de Sara. O retrato de Sara, bisavó de Lia, velado pelo fumo do cachimbo do avô Abraão; o casarão onde Sara toca piano, a sua música a adiar o tempo em que fará o gesto sacrílego. O rasto desse gesto, até à remissão.
A voz eterna do mar, num búzio que Lia encontra na praia. Na praia o pai espera uma revolução que o há-de espoliar; a mãe só conhece a ausência das palavras, a ausência do avô Abraão. Na praia Lia já espera Tomás; depois o tempo adia-se na clausura do dobrar dos sinos. Lia perscruta metáforas e adia-se na brancura fria que paira sobre a vila, no espectro que é o casarão. Até às palavras de Sara, chegadas em cadernos pautados. E sobre as ruínas do casarão novamente Sara nas palavras reencontradas, no silenciar dos sinos.”
A minha opinião:
Uma história passada e condicionada por épocas e gerações diferentes.
Na vila, o tempo está suspenso, adiado e sofrido. Onde todas as mulheres deveriam chamar-se “Maria das Dores”, pois só este nome lhes cabe verdadeiramente. “Todas transportam consigo um sentimento que.”
O dobrar dos sinos faz parte da vila, faz parte integrante das suas habitantes. Mesmo silenciados tocam nas suas mentes, nas suas memórias, nas suas almas. A recordação da morte que foi e da morte que será…
O destino foi traçado há muito, neste vila, pelas mãos do amor, da mágoa e da dor…
Um dia tudo será diferente. A Vila não negará “vida” para sempre!
Toda a narrativa está enlaçada pelos factos históricos da época em que, obviamente se passa a história (1863-1975).
É um livro com uma escrita muito própria, onde a repetição incessante das palavras, frases e da própria pontuação fazem com que a leitura tenda a ser rápida, ansiosa e um tanto angustiante. No entanto, estes aspectos não são negativos, pelo contrário, são bons, porque conseguem transmitir os sentimentos dos personagens.
É uma leitura que vale a pena!
“De 1875 a 1975 o tempo suspende-se na vila. Adia-se na brancura silenciosa e fria em que imergem as meninas, no dobrar ininterrupto dos sinos, nas fitas cor-de-rosa que as mulheres guardam nas malas de mão, na vacuidade antiga do seu olhar.
As conversas volteiam ao sabor do chá e das bolachinhas de manteiga, mas não iludem o dobrar omnipresente dos sinos. A dor é um bloco de granito que não se estilhaça e não há palavras para dizê-la. As palavras de Lia adiam-se ante a máquina de escrever, até ao momento da revelação.
Em cadernos pautados, a voz de Sara. O retrato de Sara, bisavó de Lia, velado pelo fumo do cachimbo do avô Abraão; o casarão onde Sara toca piano, a sua música a adiar o tempo em que fará o gesto sacrílego. O rasto desse gesto, até à remissão.
A voz eterna do mar, num búzio que Lia encontra na praia. Na praia o pai espera uma revolução que o há-de espoliar; a mãe só conhece a ausência das palavras, a ausência do avô Abraão. Na praia Lia já espera Tomás; depois o tempo adia-se na clausura do dobrar dos sinos. Lia perscruta metáforas e adia-se na brancura fria que paira sobre a vila, no espectro que é o casarão. Até às palavras de Sara, chegadas em cadernos pautados. E sobre as ruínas do casarão novamente Sara nas palavras reencontradas, no silenciar dos sinos.”
A minha opinião:
Uma história passada e condicionada por épocas e gerações diferentes.
Na vila, o tempo está suspenso, adiado e sofrido. Onde todas as mulheres deveriam chamar-se “Maria das Dores”, pois só este nome lhes cabe verdadeiramente. “Todas transportam consigo um sentimento que.”
O dobrar dos sinos faz parte da vila, faz parte integrante das suas habitantes. Mesmo silenciados tocam nas suas mentes, nas suas memórias, nas suas almas. A recordação da morte que foi e da morte que será…
O destino foi traçado há muito, neste vila, pelas mãos do amor, da mágoa e da dor…
Um dia tudo será diferente. A Vila não negará “vida” para sempre!
Toda a narrativa está enlaçada pelos factos históricos da época em que, obviamente se passa a história (1863-1975).
É um livro com uma escrita muito própria, onde a repetição incessante das palavras, frases e da própria pontuação fazem com que a leitura tenda a ser rápida, ansiosa e um tanto angustiante. No entanto, estes aspectos não são negativos, pelo contrário, são bons, porque conseguem transmitir os sentimentos dos personagens.
É uma leitura que vale a pena!
Classificação: 5/6 - Muito Bom
Bom dia Paula
Aqui esta um livro que desconhecia. Mas deixaste-me curiosa, vou querer ler. Obrigada por mais esta partilha.
Beijinho
Oie passando para ver as novis... Interessante esse livro... Vou atras dele para lêr e ver o q acho...
Estou seguindo-a.....
Curioso... esta linguagem é agradável, a julgar pelo trecho que a Paula colocou. Tem algo de Lobo Antunes...
O conteúdo, não sei bem porquê, fez-me lembrar Vitorino Nemésio.
Pelo seu comentário parece-me que há no livro aquele tom de tristeza, ou talvez melhor, de melancolia que se torna agradável, saboroso... parece-me uma obra interessante.
Não conhecia a escritora!
Marta e Kezia,
Vão gosta de certeza :)
José C. Gomes,
Tem toda a razão José, uma boa parte do livro, ou mesmo a maior parte, sente-se uma grande tristeza, ansiedade e impotência. Sente-se com os personagens.
Gostei!
Quando cheguei ao fim do livro, voltei ao princípio e reli algumas passagens, a sensação foi boa. Foi de maior entendimento. Há momentos em que o texto é poético, pelo menos, a meu ver :)
Um abraço e bem vindo ao blogue.
Gostei do que li, gostei do título mas parece um pouco nostálgico. Prometo que vou ler ( não me esqueci da outra promessa)!
Neste momento preciso de livros animadores, alguma sugestão?
Abraço
Olá Argos,
Realmente este é um pouco nostálgico, mas muito bom como eu referi :)
Um para te animar, talvez "O Simbolo Perdido" do Dan Brown. Ainda não li, mas gosto dos livros dele, muita acção :)
Ou queres que te indique um de Murakami?? :) Estou a brincar, sei que da ultima vez sentiste-te a cair pela "toca do coelho" como a Alice
Um abraço!