A Ronda Nocturna - Olavo Bilac

Noite cerrada, tormentosa, escura,
Lá fora. Dorme em trevas o convento.
Queda imoto o arvoredo. Não fulgura
Uma estrela no torvo firmamento.

Dentro é tudo mudez. Flebil murmura,
De espaço a espaço, entanto, a voz do vento:
E há um rasgar de sudários pela altura,
Passo de espectros pelo pavimento...

Mas, de súbito, os gonzos das pesadas
Portas rangem...Ecoa surdamente
Leve rumor de vozes abafadas.

E, ao clarão de uma lâmpada tremente,
Do claustro sob a tácitas arcadas
Passa a ronda noturna, lentamente...

Olavo Bilac

5 comentários:

    Um prazer ler Olavo Bilac em silêncio, e depois ouvir esta bela música e voz...
    cordialmente
    _____________ JRMarto

     
    On 05 julho, 2009 flicka disse...

    Tens um selinho especial, já sei que já o recebeste, mas aqui fica mais uma vez atribuida. :)
    Um grande beijinho!

     
    On 06 julho, 2009 Argos disse...

    Não sei porquê, mas este poema deixa-me inquieto!
    No entanto atrai , já o li duas vezes…

    Abraço

     
    On 06 julho, 2009 Paula disse...

    Vaandando:
    Também adoro esta música. Gosto de ler ao som de Emma Shaplin

    Flicka:
    Olá, já lá fui ao teu blog ;)
    Beijinhos e obrigado pelo selo.

    Argos:
    Acho que tem muito de misterioso este poema. Tem tanto que não consegui encontrar nenhuma imagem apropriada...
    Abraços

     
    On 08 julho, 2009 Anónimo disse...

    Para continuar o diálogo poético:

    [...]
    «E há nevoentos desencantos
    Dos encantos dos pensamentos
    Nos santos lentos dos recantos
    Dos bentos cantos dos conventos...
    Prantos de intentos,lentos, tantos
    Que encantam os atentos ventos.»

    Fernando Pessoa

     

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