DEIXEI O MEU CORAÇÃO EM ÁFRICA

Manuel Arouca mostra-nos, neste romance, o inferno real que é a guerra. As amizades que se travam, as relações que se criam, o medo de morrer, a impotência e tristeza perante a morte de um amigo e, como contraste, a beleza de um por do sol, tendo por pano de fundo a própria guerra.
Durante o desenrolar do romance há várias alusões aos poemas de Fernando Pessoa e seus heterónimos. Pois, para Rodrigo (personagem principal) os poemas de Pessoa são o elo de ligação entre ele e a sua amiga Isabel.
Quando Rodrigo parte em direcção a África e antes de ele subir para o navio Isabel, coloca-lhe no bolso um papel com o seguinte poema de Fernando Pessoa:

"Ah! todo o cais é uma saudade de Pedra!
E quando o navio larga o cais
E se repara de repente que se abriu um espaço
Entre o cais e o navio
Vem-me não sei porquê, uma angustia recente
Uma névoa de sentimento de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angustias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve como uma recordação de uma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha."


Um romance fascinante que nos mostra um Portugal de outros tempos; uma guerra muito real e um personagem que vive cada dia como se fosse o último.




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