“Jalan, Jalan - Uma Leitura do Mundo” de Afonso Cruz (Divulgação)
23/11/2017 by Lígia
Sinopse:
«Apesar da
beleza da paisagem, dos campos de arroz, do verde omnipresente, dos templos
hindus, dos macacos zangados, uma das melhores coisas que trouxe de Bali foi
uma oferta do João, que me embrulhou e ofereceu uma palavra, talvez duas: Jalan significa
rua em indonésio, disse-me. Também significa andar. Jalan jalan, a
repetição da palavra, que muitas vezes forma o plural, significa, neste caso,
passear. Passear é andar duas vezes. (…) Passear é o que fazemos para não
chegar a um destino, não se mede pela distância nem pela técnica de colocar um
pé à frente do outro, mas sim pelo modo como a paisagem nos comoveu ou como o
voo de um pássaro nos tocou. É um pouco como a arte, tem o valor imenso de tudo
aquilo que não tem valor nenhum. Pode não ter razão, destino, objetivo,
utilidade, e é exatamente aí que reside a riqueza do passeio. Não existem
profissionais do passeio. Chesterton, que era um grande apologista do amador,
dizia que as melhores coisas da vida, bem como as mais importantes, não são
profissionalizadas. O amor, quando é profissionalizado, torna-se prostituição.»