Opinião da Paula:
Esta obra de Junichirõ Tanizaki trata essencialmente dos opostos, que se atraem e que se tornam a afastar. Kaname e Misako (marido e mulher) são opostos, nos seus gostos, nos seus prazeres e até nos seus valores. Tem consciência que o são e no entanto atraem-se mutuamente, não se conseguem separar: Marido e mulher que não se olham, que falam com o olhar no horizonte ou simplesmente, no nada.
Por outro lado temos Osaka e Tóquio - o antigo e o moderno, por conseguinte as duas cidades completam quem já morou nelas, quem já vivenciou as suas tradições e não é capaz de as esquecer. Porque o passado e o presente jamais podem ser apagados. E como se todas as comparações e paralelismos entre estas cidades não bastassem, há ainda as modernices do Ocidente para atormentar os nossos personagens. As urtigas, a que o título faz referencia, tem nesta obra várias conotações. Podem fazer referencia tanto a Osaka e a sua paragem no tempo, como às transformações de Tóquio, ao Ocidente e à sua influencia ou ainda aos adeptos da mudança e a todas as consequências que esta acarreta.  Todos estes antagonismos reflectem-se na vida dos personagens desta obra.
A complexidade do casamento é aqui dissecada por Tanizaki através do seu personagem Kaname. A busca da mulher ideal, faz com que Kaname veja o seu casamento como algo tolerável, a ausência de sentimentos é palpável, o desejo sexual é nulo, no entanto, é para o nosso personagem masculino um mal necessário, algo de que não se consegue desvincular. O impacto da separação é também abordado, os filhos, a sociedade, a família... Acho que se pode dizer que não há jardim sem urtigas, caso este não seja tratado, assim como não há vida plena sem que esta seja cuidada por nós ao pormenor!
Esta é uma obra assolada de dúvidas e questões colocadas pelo próprio Junichirõ Tanizaki.
Gostei muito.

Opinião do Vasco
Este não foi um livro que me tenha agradado particularmente, apesar de ter sido eu a sugeri-lo para a leitura conjunta. Trata-se de uma obra que fala de contrastes. Imensos contrastes, entre gerações, entre povoações, entre mentalidades, entre pensamentos, entre formas de estar, entre prazeres, entre sentimentos. E a verdade é que “Alguns Preferem as Urtigas” acabou por me cansar por isso mesmo. Porque o casal nunca chega a entrar em sintonia, embora seja essa mesma distância que existe entre homem e mulher que os mantém sempre presos um ao outro. Portanto, esse vaivém eterno que não é nada mas não chega a ser alguma coisa não faz parte daquilo que me agrada numa leitura.

3 comentários:

    Infelizmente, acabei por não ler este livro, embora tenha votado nele.
    Não tive oportunidade de aproveitar a promoção da fnac e, mais tarde, já houve outras prioridades.
    No entanto, gostei de ler as vossas críticas a propósito da leitura conjunta.
    Aliás, mesmo não tendo o Vasco gostado da leitura, a crítica, deixou-me ainda com mais vontade de ler o livro.
    Mais tarde ou mais cedo, ele chegará cá a casa.
    Beijinhos

     
    On 09 abril, 2015 LC disse...

    Olá, boa tarde.

    Desta vez a minha opinião vai mais ao encontro da do Vasco. Achei uma leitura muito massuda. Penso que existe outras formas de abordar este assunto, que seriam menos fatigantes e que despertassem mais a curiosidade da sua leitura. Era um livro pequeno em número de folhas, mas para mim esta leitura demorou uma eternidade de tão chata que achei. :)

    Mas isto é a minha opinião e vale o k vale ;)

    Continuação de um resto de boa semana.

    Lígia

     

    Já ouvi falar muito bem deste livro, mas acho que deve ser lindo quando estamos com o "espírito" certo para o fazer por ser muito denso.

     

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