"O Livro" aquele que para mim é único - Siddhartha, Hermann Hesse
12/04/2013 by Paula
Nascido a 29 de Junho de 1979 na
cidade de Ponta Delgada, Pedro Filipe Almeida Maia esteve desde muito jovem
ligado ao mundo das artes, principalmente à música. Iniciou a sua experiência
na escrita como letrista, através de poemas para música de projectos aos quais
estava ligado, actividade que ainda mantém na actualidade.
A escrita de ficção era uma
pretensão quase oculta, que mais não passava de alguns rascunhos guardados numa
gaveta. A abertura do I Concurso Literário “Letras em Movimento” — organizado em
2010 pela Associação Ilhas em Movimento — despertou essa faceta. O romance a
concurso "Bom Tempo no Canal – A Conspiração da Energia" foi vencedor, tendo
sido editado em Junho de 2012, com 2ª edição em Março de 2013.
Também contribui como cronista
para o semanário Jornal Terra Nostra, na rubrica “Pavilhão Auricular”, com
artigos de opinião relacionados com a agenda cultural do arquipélago dos
Açores, com especial incidência sobre a música.
“O Livro”, aquele que para mim é
único – Siddhartha, Hermann Hesse
Escolher “o livro” da minha vida
é como ter de dizer qual a parte do corpo que mais me faz falta: cada um(a)
provocou crescimento em momentos e medidas diferentes do meu percurso.
A busca pela plenitude espiritual
é um trilho acidentado, mas o escritor alemão Hermann Hesse conseguiu
transferir essa jornada de uma forma majestosa em "Siddhartha". Encontrou
inspiração na sua própria visita à Índia para transpor a procura pelo estado da
mente harmonizada através de uma personagem apaixonante.
Jovem, adorado por todos e
respeitado pelo nível de aprendizagem espiritual que conseguira, Siddharta é
visto como um futuro príncipe da sabedoria, principalmente pelo seu amigo
Govinda. No entanto, e tal como acontece em determinado momento das nossas
humildes vidas, não encontra alegria, sente-se desencorajado e mal-amado.
A sua demanda encoraja-o a
abandonar o lar com o amigo, com permissão do seu pai arrancada a ferros.
Junta-se aos samanas, segue em peregrinação, e aprende o jejum — analogia ao
“vazio interior” tremendamente bem conseguida pelo autor. O caminhante procura
despojar-se de si mesmo através dos ensinamentos do grupo, em processos de
“transferência de alma” para animais e objectos, passando a ser e sentir como
eles.
Três anos após, a personagem
principal desintegra-se novamente, tal fénix que regressa às cinzas de onde
proveio — esta génese acontece várias vezes a Siddhartha, tal como em cada um de
nós —, e abandona o clã por concluir que está fugir de si mesmo. Define muito
bem o próximo destino: Buda. Apesar de o seu amigo decidir manter-se com as
doutrinas budistas, Siddhartha permanece céptico: abandona Govinda e Buda. Segue
com novo destino, com a conclusão de que a verdadeira iluminação provém da
“vivência”, não de uma qualquer doutrina — talvez a conclusão a que chegamos
quando em estado de verdadeira aceitação.
A caminhada prossegue com
capítulos que descrevem um despertar, a travessia de um rio, um barqueiro, e
outros intervenientes no final que se vêm mostrar surpreendentemente
reveladores, embora a sua descrição possa dar origem ao que a gíria moderna
apelida de spoilers. Acrescento apenas que pode ser um daqueles livros que nos
faz pensar, mudar de vida, que nos transmite a sensação de paz e a certeza de
que tudo ficará bem, mais cedo ou mais tarde. O autor germânico consegue uma
narração exemplar que aprisiona o leitor às páginas, não só pela história, como
pelos elementos “novidade” que vão sendo introduzidos.
Na minha opinião, emocionante!
Pedro Almeida Maia
Já tentei ler este livro, mas tem que ser nas férias com uma leitura descansada, não deu no meu caso ler um pouco de manhã e há hora de almoço.
2017 vou tentar lê-lo numa das belas "pontes" que vou fazer, talvez lá para o 25 de Abril.
Bjs