Mário Rufino, doutorando em Literatura/Linguística na Faculdade Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, escreve crítica literária para o Diário Digital.



Não tenho um livro único, Paula. Não sou, nem tenho qualquer intenção em ser fiel a qualquer livro ou autor. Eles, autores, devem ser traídos. Não declaro fidelidade literária a quem quer que seja, ou a nenhum livro ou género específico. O leitor deve ser, tanto quanto possível, um vadio, ou, se me dás licença em dizê-lo, deve-se “prostituir” literariamente.

Escolhi um livro para viver em mim durante os próximos 5 anos de estudos académicos. Refiro-me a “A Peregrinação de Enmanuel Jhesus”.
É uma obra-prima. O livro de Pedro Rosa Mendes tem a capacidade para abordar e interrogar vários temas nas mais diversas áreas.
Quando li este livro, pensei que o mesmo seria uma razão para continuar a desenvolver investigação nas áreas que tenho vindo a estudar: Linguística, Literatura e Teoria da Literatura.
“Peregrinação de Enmanuel Jhesus” é um Texto que dialoga com outros livros.
Na área da Linguística, Pedro Rosa Mendes remete-nos para Saussure, Chomsky, Fromkin, etc.; na sociolinguística aconselho a leitura de Bienveniste, Osgood, Halliday e muitos outros para se conseguir negociar, o mais possível, o sentido do texto com o autor português.
Na Teoria da Literatura, e no seu “braço operacional” que é a Crítica Literária, há autores que têm uma relevância extraordinária. Relembro-me de Steiner, Bloom, James Wood, Maria Alzira Seixo, Carlos Reis, Vítor Manuel Aguiar e Silva, Kayser, Genette, Todorov, Aristóteles, Platão, Ricoeur, Foucault, Derrida, Scholes e tantos outros em tantas épocas…
Um Livro é uma porta para muitos outros livros.
Por isso, o meu livro dos próximos 5 anos é, precisamente, “Peregrinação de Enmanuel Jhesus”. No entanto, é um livro que, como procurei demonstrar, apela à “poligamia literária”.

Se me dessem a escolher só um livro, então não hesitaria. Escolheria o Livro dos Livros, o Livro Canónico, por excelência: A Bíblia. Felizmente não tenho essa obrigação/necessidade.
Aconselho a leitura de duas obras que são monumentos da Literatura Universal: “Moby Dick”, de Herman Melville, e “O Coração das Trevas” de Joseph Conrad.
Há tantos outros…
Acima de tudo, é necessário manter-se, se me é permitido o conselho, o espírito crítico de um eterno insatisfeito e a vontade de explorar de uma criança.

Mário Rufino

2 comentários:

    On 18 dezembro, 2012 macy disse...

    Muito bem Mário!
    Quanto ao Mellville e Conrad, subscrevo! Adorei ambos.
    Beijinho

     

    Entendo quando dizes que devemos explorar um livro como uma criança. Há livros que nos marcam num determinado momento, outros que nos marcam por diversas razões.
    Acho que hoje também seria complicado para mim escolher um preferido, mas acho que sou capaz de escolher um que foi único :D

    Quanto a Moby Dick tenho-o em casa, mas ainda não tive coragem de o ler e "O Coração das Trevas" aguarda a sua hora na prateleira.

    Obrigado Mário por teres aceite o convite.

     

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