A Biblioteca


Ilustração de Miháy Bodo

"A biblioteca de Frederich Buchmann tinha um carácter total; mais do que isso: constituía, no seu conjunto, um dos traços mais significativos do carácter do pai. Tinha sido assim, para Lenz, após a morte do pai, de uma absoluta violência a divisão da biblioteca com o eu irmão.
Esse tinha sido, aliás, o incidente que em definitivo marcara o afastamento entre Lenz e Albert. Os dois eram leitores, portanto, potênciais interessados naquele invulgar despojo de milhares de livros. No entanto, para Lenz aquela biblioteca não era um somatório de livros. Havia, naquela biblioteca, a pairar, o vulto do chefe da família Buchmann. Uma espécie de fantasma único, incompatível com qualquer pensamento estatístico, ligava todos aqueles volumes, tornando a vulgar divisão do "um para ti, um para mim", um desempenho técnico tornado, a certa altura, obsceno pelo facto de se ter prolongado por muitas horas"

in Aprender a Rezar na Era da Técnica de Gonçalo M. Tavares

2 comentários:

    Maravilhosa esta biblioteca!

    Então que tal anda esta descoberta pelas palavras de GMT? Ainda em amor e ódio? ;)
    Boas leituras!

     
    On 13 outubro, 2012 Paula disse...

    Tonsdeazul,
    Já me rendi à escrita :D

     

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