Os Malaquias, Andréa Del Fuego
02/06/2012 by Paula
Este livro, primeiro chamou-me a atenção
pela magnífica capa, depois pelo que é dito na contra capa. É um livro
fortemente elogiado, ganhou o prémio literário José Saramago 2011. E por ser
muito elogiado, nomeadamente por Pilar Del Rio e José Luís Peixoto fiquei, como
se diz por aqui, de pé atrás… Pois é sabido que muito elogio é também por vezes
truque de venda. Todos os livros/novidades nos últimos tempos são "sem excepção" “fantásticos”
e de “leitura obrigatória” que já nem tenho em atenção ao que é dito pela
crítica…
Mas voltando ao livro, os meus colegas
de blogue no Destante, resolveram analisar a presente obra no seu clube de
leitura de Braga e eu decidi arriscar nesta leitura e ainda bem que o
fiz!
Esta foi uma leitura que se pautou por
muitas indecisões a nível de gosto. Primeiro gostei, depois quase detestei e
finalmente adorei e fiquei rendida à escrita da autora.
É de facto um livro diferente, afasta-se
da maioria que lemos pelo seu conteúdo que vinga pela originalidade. No
entanto, como já referi, esta mesma originalidade fez-me duvidar entre o adorar
e o odiar a leitura e finalmente decidir-me pelo adorar!
.
Serra Morena, terra húmida e humilde,
como os seus habitantes, gentes do trabalho, gentes da vida. Um raio atinge a
casa de Donana e de seu marido, tirando-lhes a vida. Este raio havia de marcar
para sempre a vida de Nico, Júlia e António não só com a morte dos pais, mas em
todos os seus actos e passos! Os três separam-se fisicamente uns dos outros
para mais tarde Nico e António se reencontrarem, porém Júlia será uma constante
no pensamento de ambos, mas como “em água turva, as substâncias não se veem”
este encontro será sempre uma dificuldade.
Nesta escrita, existe a brutalidade das
palavras e das descrições, mas também existem vales dentro de pedras que são
uma opção, uma oportunidade para os personagens e um sonho para os leitores. Há
também bules que engolem homens e que nos fazem sorrir, há quem consiga
fazer-se luz numa lâmpada e colocar-se dentro de um tacho com o objectivo de fazer borbulhar o leite com a sua dança!
O sofrimento é uma constante nos
personagens em todo o romance, um romance que se pinta com a cor da terra. O
calor e o castanho foram para mim uma constante nesta leitura.
ADOREI! Recomendo!
Gostei muito desta tua opinião, que me deixou ainda com mais vontade em ler o livro.
A história é deveras curiosa! ;)
Acho que vais gostar tonsdeazul!
Ando há umas semanas a "namorar" este livro e, inclusivamente, já o tive na mão, muito próximo da caixa registadora, na Feira do Livro do Porto.
Os motivos que a Paula expôs no início deste interessante artigo também os sinto e mais um forte contra: o prémio literário José Saramago 2011.
À partida, para a maioria das pessoas este prémio poderá ser visto como algo positivo mas comigo acontece precisamente o contrário. Há pouco tempo li "o remorso de baltazar serapião", de Valter Hugo Mãe, que, em 2007 também foi contemplado com essa vitória. Não gostei, ao contrário dos outros livros que tinha lido anteriormente de VHM.
Senti que "o remorso de baltazar serapião" é um livro que se ama ou se detesta, tal como a Paula descreve em relação a “Os Malaquias”, Andréa Del Fuego”.
Talvez o alvo do prémio literário José Saramago, em si, seja um amor-ódio.
Dissertações à parte, o certo é que fiquei com vontade de conhecer esses tais de Malaquias!
Sinceramente, estou curioso para conhecer outros livros desta autora. Gostei de Os Malaquias.