O nosso convidado é o escritor Casimiro Teixeira, autor de Poemas Por Tudo e Por Nada  (já comentado aqui no blogue) e da obra "Governo Sombra" que irá ser lançada já em Outubro.
É Vila-condense de gema, e amante profundo das suas raízes , a escrita é uma das suas paixões.
Mais sobre o autor aqui


"À minha biblioteca pessoal encaro-a como um centro cultural vivo, e não como um depósito silencioso de livros. O livro quando entra na minha vida deixa de ser estático num canto da estante; descortina sempre novos horizontes para mim. A sua existência já me enriqueceu, já me afastou um pouco mais da ignorância verbal, já me transformou, cativou, em última análise, tornou-se também responsável por mim.

Sempre gostei de ler, e nunca me separei de nenhum livro que de alguma forma me tenha vindo parar às mãos, mesmo que, numa primeira leitura não me arrebate, gosto sempre de o ter por perto, para o revisitar, nunca se sabe o que nos poderá reservar numa segunda ou terceira observação. Por vezes, a beleza de uma história acende-se cá dentro, dependendo do estado de espírito do momento em que a lemos.

No pico da minha adolescência, teria eu treze ou catorze anos, devorava a prestações, todos os clássicos que conseguia arrancar das prateleiras da biblioteca municipal. Não fazia distinções entre estilos ou géneros; lia desde Emile Zola a Jorge Amado. Steinbeck, Gorki, Camilo, Virgílio, James Joyce, Vitor Hugo etc..Até mesmo alguns autores, considerados “proibidos” para a época, como Henry Miller e D.H. Lawrence. Mais tarde, o meu pai tornou-se sócio do Círculo de Leitores, e todos os meses, tomava conhecimento com um autor diferente, até os alojar definitivamente no baú da minha memória. Mas de estes, houve um que sempre me fascinou, e que eu lia com particular devoção: Ernest Hemingway – Eu não gostava somente do que ele escrevia, eu queria ser aquele homem! Cada novo livro dele que eu lia, mais crescia dentro de mim essa ânsia de viver a vida em pleno e depois embebê-la em papel, descrevê-la com detalhes miúdos, como ele o fazia. Foi aqui que comecei eu próprio a escrever.

Claro que de todas as suas histórias havia uma que me marcaria para sempre. Se puder utilizar o chavão de livro da minha vida; “O velho e o Mar” assim o era, único, intemporal, precioso, escrito com um requinte de prosa poética.

Nesta pequena história pouco extensa, quase um breviário da dignidade humana, Hemingway fala de um pobre e velho pescador que há muito tempo não apanha peixe e anseia por “um dos grandes”. Sai para o mar com esse objetivo e, depois de 85 dias de puro martírio, apanha o peixe cuja captura proporciona uma longa e empolgante história, recheada de situações perigosas e imprevistas. Com uma simplicidade expressiva, quase poética, Hemingway retrata neste livro a astúcia e a grande persistência com que o velho pescador Santiago leva a cabo a sua tarefa. A essência da história é a luta constante do homem contra a natureza. A mim, fez-me refletir sobre as dificuldades que todos passamos para subsistir face às adversidades, e sobre a necessidade de sermos persistentes para atingirmos os nossos objetivos. Como o próprio autor o diz: “Um homem pode ser destruído, mas não derrotado”. – Ainda hoje assim o penso."

Casimiro Teixeira

8 comentários:

    On 14 setembro, 2011 Anónimo disse...

    Gostei muito desta rúbrica, parabéns ao autor.
    Em relação ao livro, ainda não o li, mas parece-me que tenho de o ler :)
    Raquel

     

    Olá Raquel,
    É de facto um livro fantástico, cá eu tenho de o reler :)

     

    Casimiro,
    Mais uma vez o meu muito obrigado por aceitares o convite :)

    Este é realmente um livro que marca. Por enquanto é o único que li do autor, embora tenha tantos outros (do autor) na prateleira à espera :(

     

    Não adies mais então Paula. São tantos e todos tão bons. Além deste, que considero ser a sua obra-prima, aconselho-te também: "Ilhas na corrente", "As verdes colinas de África" e "Na outra margem entre as árvores", todos eles livros lindíssimos. Se houver algum que te interesse mais do que os outros, eu empresto-to..

     

    Um livro incontornável.

     

    O primeiro livro que li do autor. "Roubei-o" da prateleira do meu irmão.
    Um livro belo e marcante!

     

    Tenho vergonha de dizer mas não li nenhuma obra deste autor ainda.

    Não que não tenha curiosidade. Se calhar ainda vou a tempo! ;)

     
    On 13 janeiro, 2017 Dulce disse...

    Li e gostei em 2015.

     

Blogger Templates by Blog Forum