Sinopse
Patrick Bateman é o musculado e bem-parecido herdeiro de uma grande herança e trabalha em Wall Street. É obcecado por roupa de marca, múscia pop, restaurantes caros, aparelhos eletrónicos e noites de excessos em Nova Iorque.
Pouco a pouco vai revelando o seu lado obscuro, expressando-se através de violência, revelando-se tão dormente e apocalíptico como a sociedade cítica. Até que vai longe de mais e um detetive começa a investigar a sua vida.
Uma obra que é a narrativa de um tempo - os anos oitenta, nos Estados Unidos -e um retrato inclemente e humorístico, cruel e pateta, emocionante e repulsivo de humorístico, cruel e pateta, emocionante e repulsivo da natureza à luz da civilização ocidental. A tudo isto acrescem as referências à cultura das celebridades e ao estilo de vida superficial e ganancioso dos tempos modernos. É um espelho daquilo em que estamos a tornar-nos (ou que já somos), um espelho de feira popular, que nos distorce, encolhe e exagera, mas não deixa de refletir o Homem que Dostoiévski anuncia na epígrafe deste livro:
«Ele representa uma geração que ainda está viva, e entre nós, nos dias que passam.»


Opinião
Satírico. Arrojado. Provocador.
Conheço alguns livros de Bret Easton Ellis. Sou seu fã, claro. Fã da sua escrita, mas também da sua forma de ver o mundo e da coragem com que o enfrenta. Trata-se de um autor polémico. Todos o são quando dizem o que não se costuma dizer e, principalmente, quando dizem aquilo que não queremos ver.
Pergunto-me, quando o leio, quanto do autor estará presente nos seus personagens e na sua mensagem. Bem, tenho a certeza que a sua totalidade está lá. Sempre presente, tão franco quanto as suas palavras conseguem ser e tão cortante quanto a sua mensagem nunca deixa de ser. Mas o que eu gostaria de saber é quanto do autor, da sua essência, está descrito nas suas páginas. Quanto daquilo que ele é e quanto daquilo que ele odeia que os outros sejam, que em parte ele talvez também seja mesmo odiando-se por isso, é imposto nos seus personagens. 
Quanto de si estará impregnado nas características do protagonista deste livro em particular? Que parte dos defeitos de toda gente fará parte de Bret? Penso que poucos, embora não esteja certo disso.
Bret Easton Ellis criou em "Psicopata Americano" um personagem secular. Uma raridade. Porque não encontro alguém capaz de retratar de um modo tão eficaz e resumido toda podridão do mundo num só corpo, num só cenário, apenas numa ideia.
Patrick Bateman é aquilo que todos sonham ser. Na verdade, ele é assim como todos os seus amigos também o são. Pelo menos é isso que eles pensam, dentro dos seus fatos, que vestem corpos perfeitos, e frequentam os locais mais elegantes da cidade.
Já sabemos como são as coisas nos Estados Unidos. Patrick e os amigos são filhos de gente rica e conceituada. Gente com posses mas sem valores.
Tudo acontece na presença de roupas luxuosas, restaurantes, ginásios, cartões de créditos, vidas alheias, sexo, cocaína, aparelhagens. Ou seja, vaidades.
A vida de Patrick representa, na verdade, toda uma vida de ostentação.
A complexidade da mensagem está presente ao longo de todo o livro. Inúmeras mensagens são-nos atiradas aos olhos disfarçadas na rotina corriqueira e dispendiosa dos personagens. E nós vamo-nos apercebendo disso ao longo do romance porque Bret faz algo que aprecio: bate no ceguinho. Torna-se quase cómico no modo como ele está constantemente a repetir-se, vez após vez, humilhando sem reservas toda uma sociedade contemporânea assente na escalada do poder e na competição inglória e ridícula de um grupo de amigos, mas que não passam de rivais.
Depois vem o resto. A parte que o autor utiliza como vector da mensagem, que é a mente de Patrick. Uma mente distorcida, que vagueia entre o pensamento e a acção (muito mais pelo pensamento na minha opinião). E, para mim, a classe da obra reside naquilo que Bateman verdadeiramente é: alguém que não consegue ser aquilo que realmente é, que não renuncia à sua essência, mas que não tem a coragem de assumi-la. Na realidade, a alta sociedade acaba por ser isso mesmo, as pessoas devoram-se a si mesmas para serem aquilo que lhes é imposto.
Patrick Bateman é um assassino, um psicopata. Mas, na minha opinião, o que ele chacina na verdade são todos aqueles que levam um estilo de vida semelhante ao dele (ou que ele tenciona levar) e não os que estão descritos neste texto.
"Psicopata Americano" é um livro muito duro, com cenas de violência extrema. Quem se conseguir abster destas descrições poderá achar o livro genial. Eu achei.


Poderão encontrar a obra da página da editora aqui!

2 comentários:

    On 06 julho, 2016 J. disse...

    Adorei o filme mas ainda não consegui arranjar o livro.

     
    On 06 julho, 2016 Vasco disse...

    São ambos excelentes, livro e filme!

     

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