Manias de escritores...

"...vários escritores ficaram famosos devido às manias que deixaram associadas ao seu trabalho criador. Alexandre Dumas (pai) só conseguia escrever envergando uma larga túnica de cor vermelha e usando sandálias. Por seu turno, Pierre Loti, fascinado pela cultura oriental, só conseguia escrever vestindo trajes daquela região do mundo e trabalhando num escritório decorado igualmente com adereços provenientes do Oriente.
Quanto a Chateaubriand, em vez de escrever, ditava os seus textos ao secretário, deambulando descalço de um lado para o outro do seu gabinete de trabalho. Já Montaigne, o fundador do ensaísmo moderno, só conseguia escrever no recolhimento da torre do seu castelo de família. Victor Hugo compunha os seus poemas em voz alta, só os passando ao papel quando a sonoridade do que ouvia o conquistava. Por sua vez, Gustav Flaubert, não era capaz de escrever uma só linha se primeiro não tivesse fumado o seu cachimbo.
Por último, Honoré de Balzac tinha o hábito de dormir entre as seis da tarde e a meia-noite. Quando a criada o despertava, vestia uma larga e confortável túnica branca e trabalhava entre 16 a 18 horas seguidas, ingerindo litros de café."

in A História pelo buraco da fechadura de José Jorge Letria

14 comentários:

    Longe de mim comparar-me a estes mestres, mas a "mania" de Chateaubriand lembrou-me de que, muitas vezes, penso que seria melhor ditar os textos para um gravador e só depois escrever. Quando as ideias me surgem em catadupa, os dedos no teclado vêem-se aflitos para as acompanhar ;)

    Certificar-se, primeiro, da sonoridade dos versos também me parece ser uma boa ideia para um poeta...

     

    Parece que a mania das túnicas é a mais comum. Se à conta disso escreviam melhor...vou também comprar uma:)))) Quem sabe assim, sai alguma coisa que sirva para ser lida:)

     

    Eu utilizo um sistema similar, mas quando escrevo em prosa. Leio e releio as últimas páginas escritas em voz alta, vezes sem conta e sempre virado aos ouvidos do meu gato. Quando lhe desperto por fim a atenção, roubando-lhe alguns instantes da sua habitual preguiça, então prossigo. Manias mesmo!

     

    NOssa.. manias bem curiosas heuheu, mas não são manias, são excentricidades! XD

     
    On 29 julho, 2011 Ludgero disse...

    Olá Paula.
    Todos eles grandes escritores, sobretudo Alexandre Dumas que fez as delícias da minha juventude, e continua fazendo. A minha biblioteca comporta 42 volumes dele.
    Os meus cumprimentos à grande escritora Cristina Torrão, que, igualmente me proporciona momentos de grande prazer.
    Acho que escreve deliciosamente bem.
    Bom Fim de semana.

    Ludgero N Santos.

     
    On 29 julho, 2011 AMB disse...

    Também ando a tentar escrever um livro, e também tenho as minhas manias. Passam de comer continuamente, a sério, bolachas então... esqueçam lá, e consigo escrever mais facilmente durante a noite. Como tenho casa própria, por vezes nas férias adormeço às 6 ou 8 h da manhã e acordo às 18, 19 h. Viro notívaga. É horrivel quebrar o habito. Mas gostei do tipo da torre do castelo, se tivesse um fazia o mesmo...
    BJ AMB

     
    On 29 julho, 2011 Lauh disse...

    Ah, que engraçado! Eu também tenho algumas manias, mas nada tão singular como estes mestres da literatura :)

     
    On 29 julho, 2011 Paula disse...

    Cristina e Casimiro,
    Talvez todos tenham manias :) obrigado por partilharem a vossa connosco :D

    Claudia,
    Será que é devido á túnic?
    :P

    Kézia e Laura,
    Quem somos nós sem as nossas excentricidades :P
    Uns de uma maneira outros de outra :P

    Ludgero,
    Ainda não li Dumas (shame on me)

    AMB,
    Boa sorte para o teu livro :)

     
    On 29 julho, 2011 Unknown disse...

    Sorte a minha que não ganhei nenhuma excentricidade no processo :) ...mas que estes detalhes tornam os escritores "coloridos" lá isso é verdade ;)
    Obrigada pela pela partilha :) belo post!

     
    On 29 julho, 2011 Ludgero N Santos disse...

    Imperdoável, Paula; sem, contudo, atingir o estatuto de vergonha.
    Eheh...
    Vamos já remediar isso.
    Segunda-feira envio-lhe "Isabel da Bavieira", obra em dois tomos.
    Edição de 1972, encadernados a vermelho e motivos dourados.
    Estão impecáveis, se bem que um pouquinho amarelecidos pelo tempo.

    Espero que goste.
    BFS..

    Ludgero.

     
    On 29 julho, 2011 Paula disse...

    Ludgero,
    Já lhe enviei um mail :)
    Um abraço

     

    Um artista, que se preze seja na escrita ou outro, possui manias que não deixando de ser manias, são originais.

     

    Casimiro, essa "mania" de ler os textos em voz alta pode ser uma boa ideia. Há mesmo quem diga que se devem gravar essas leituras e depois ouvi-las. Se há alguma frase, parágrafo, ou cena que não nos agrada, o melhor será modificar ou mesmo apagar, pois o que não funciona acusticamente, também não funcionará no papel.
    Enfim, confesso que nunca experimentei esse sistema... E não quero dizer que o seu gato não seja bom conselheiro, tenho a certeza de que é muito inteligente ;)

    Ludgero, muito obrigada pelo elogio :)

     
    On 01 agosto, 2011 Ludgero santos disse...

    Pessoalmente não sei se será uma mania, penso que não, mas quando escrevo nunca o consigo fazer directamente para o PC.
    Ocorre-me uma ideia, uma ou mais situações, rapidamente pego no papel e nuam esferográfica que esteja ali à mão, e escrevo sem me preocupar com ortografia, retórica, dicção ou quaisquer outros cuidados descritivos.
    Depois corrijo, emendo umas coisas, suprimo outras e acrescento algumas que me ocorram.
    Só depois de estar mais ou menos, é que passo para o PC.
    Também não consigo corrigir a partir do PC. Imprimo e leio.
    Penso que não será mania, mas sim uma necessidade, se bem que de difícil explicação, reconheço.
    Cara Cristina Torrão.
    Foi, como não podia deixar de ser, um elogio à sua escrita mas...,foi um elogio sincero e mais que merecido.
    A senhora escreve muito bem, discorre belissimamente num descritivo perfeito que qualquer um entende perfeitamente.
    Lê-la é um privilégio de que não abdico.
    Os meus sinceros parabéns e felicidades para as suas obras futuras, que seguramente terá.

    Cumprimentos à dona do espaço e para si.

    Ludgero.

     

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