Opinião:
“O Livro dos Homens Sem Luz” fala-nos no seu essencial de solidão. Este é o elemento comum entre os vários personagens e as várias histórias que o livro apresenta. Personagens cujas vidas eram rotineiras e de certa forma estáveis, após trágicos acidentes passam a ser solitários, confusos, desesperados. Uns sem rumo, outros sem esperança.
Indivíduos que observam e conseguem ver os “erros” dos outros, mas não se apercebem que observam algumas das suas próprias acções.
A solidão, é amenizada na medida em que é observada nos outros, é como estar integrado num grupo com o qual há identificação e assim começar a fazer parte da vida de alguém, mesmo que na penumbra.
A forma como o autor apresenta a história leva, por vezes, o leitor à confusão, de início pensámos que irão ser deixadas inúmeras pontas soltas, porém à medida que vamos caminhando para o final, tudo vai fazendo sentido ou quase tudo.
Gostei da escrita, da história e da forma que João Tordo conduz os personagens e até o leitor.
Recomendo!

Excerto
"Quando fiz 35 anos nada tinha a que pudesse chamar meu. Não possuía casa própria ou emprego fixo, amigos ou conhecidos de que me pudesse orgulhar, conforto financeiro ou qualquer perspectiva de futuro. Vivia sozinho numa apartamento modesto, o terceiro andar de uma antiga habitação social em Finsburry Park, em frente de uma residência de estudantes, um edifício antigo de tijolo castanho que parecia derreter com a chuva e que albergava toda a espécie de gente. Na altura, julguei que iria apodrecer ali o resto dos meus dias, antes de descobrir o estranho destino que me estava reservado."

Críticas de imprensa:
"Um livro não aconselhado a quem sofre de claustrofobia. João Tordo consegue misturar o romance com o macabro nesta obra passada integralmente na Inglaterra, onde o autor estudou. Uma série de personagens com segredos e projectos escuros acabam por se juntar dando lugar a um conto de suspense com toques de literatura gótica. Enfim, um exemplo de qualidade da nova literatura alternativa em português."
in revista Os Meus Livros, Janeiro 2005

"(...) o que Tordo sabe fazer, utilizando a envolvência das frases e personagens com entranhas, personagens que querem abandonar a escuridão, é contar uma boa história. Um livro para pontapear as canelas da literatura institucional portuguesa."
Hugo Gonçalves, Mil Folhas (Público), 02 de Janeiro de 2005

3 comentários:

    On 14 maio, 2011 Unknown disse...

    Também gostei muito deste livro se bem que um pouco "pesado". Mas é de uma profundidade psicológica impressionante!

     
    On 15 maio, 2011 Paula disse...

    Manuel Cardoso,
    Um lvro que nos toca e que nos faz pensar na solidão e na solidão dos outros...

     

    Interessante, não sei se leria, mas quem sabe neh?

     

Blogger Templates by Blog Forum