Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...

Alberto Caeiro

2 comentários:

    Não conhecia este poema. É belissimo e encerra uma verdade tão simples e que tantas vezes esquecemos. Poucas vezes nos apercebemos do verdadeiro significado da palavra; era bom que a repetissemos devagarinha: pas-sa-do... é passado!

     

    Sim, este poema faz todo o sentido do mundo. Uma realidade que acaba por entristecer.
    Abraço

     

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