No passado dia 10 de Outubro ( no 2º aniversário do viajar) a N. Martins do blogue Quero um livro ganhou um exemplar de "Um Amor Sem Tempo" de Carlos Machado com a parceria da Editorial Presença aqui no blogue.
A N. Martins já terminou a sua leitura, já publicou no seu blogue e permitiu que o viajar também aqui fizesse referência ao seu comentário.
.
A opinião da N. Martins:
"Nunca tinha lido nada do Carlos Machado e o que encontrei foi um Engenheiro Electrotécnico que escreve sobre o amor de uma forma que me surpreendeu. Surpreendeu-me ainda mais a riqueza do vocabulário, onde é notória a preocupação de tornar o texto o mais rico possível aproveitando a diversidade da língua portuguesa. Posso ter achado esse esforço às vezes um pouco deslocado mas, fiquei rendida quando ele conseguiu colocar a expressão "eixos da cristalografia" num romance pós-25 de Abril, de uma forma tão natural. ;)
A história em si, não traz nada de muito novo. É sobre um amor que não conhece o significado da palavra tempo, um amor que dura uma vida toda e que resiste às adversidades saindo delas amadurecido e fortalecido. Assim é o amor de Eduardo e Mariana, um amor sem tempo.
Eduardo passava todos os Verões na aldeia, em casa dos avós. Mariana é a filha do homem mais poderoso da aldeia, Severino Sarmento, homem ambicioso e implacável. Mariana cheira a pêssego e frutos silvestres, cheira a Verão e para Eduardo é a sua paixão de Verão ano após ano. Namoram, de forma inocente durante o Verão e separam-se todos os anos com o regresso de Eduardo a Lisboa, onde vive com os pais. Num Verão, Eduardo não regressa, pois com a morte do avô deixou de fazer sentido o regresso à aldeia, como se mais nada o prendesse ao local. Quando seis anos depois, Eduardo volta e reencontra Mariana, encontra uma jovem amargurada e desiludida com a vida. Para Eduardo, mortificado pela culpa de nunca mais ter dado notícias, ela continua a cheirar a Verão e embora tenha medo de o admitir, continua a amá-la da mesma forma. O Eduardo que regressa é um jovem de esquerda, cheio de sonhos e certezas quanto ao futuro do país. No entanto, não se sente preparado para viver com Mariana o amor que sentem um pelo outro e parte novamente, não se permitindo descobrir como cheira Mariana no Outono, no Inverno ou mesmo na Primavera. Resistirá este amor a mais uma separação? É o que poderão descobrir se lerem o livro. Para além disso, vão ainda descobrir, com Eduardo, uma aldeia que pouco mudou desde que ele partiu, uma aldeia por onde a Revolução dos Cravos parece não ter passado pois, quem tinha poder continua a tê-lo e quem obedecia continua a fazê-lo, de forma resignada. Encontrarão também muitas referências históricas, do 25 de Abril e não só, encontrarão algum mistério e intriga, aventura e livros. Sim, porque um Engenheiro que escreve da forma que Carlos Machado escreve só pode gostar muito de livros e de os ler. :)
É um livro interessante, especialmente pela forma como está escrito, onde existe um cuidado na escolha das palavras e na descrição quase poética dos cenários exteriores, bem como na descrição das sensações e lembranças que o protagonista vai vivendo. Gostei da personagem do Eduardo e da sua evolução, sincero e ingénuo no seu regresso à aldeia e, mais terra a terra no final do livro. Gostei do retrato que o autor faz da vida pós-25 de Abril numa aldeia afastada dos grandes centros urbanos, onde se concentrava quase toda a acção política. Gostei também das boas lembranças que me trouxe, porque facilmente a aldeia do livro é a aldeia dos nossos avós onde passamos, em crianças, dos melhores momentos das nossas vidas. E por isso, também foi muito penoso identificar-me com o afastamento que, de forma quase inevitável, acontece quando crescemos. Esta familiaridade que o autor consegue criar tornou a leitura próxima e portadora de um certo aconchego gostoso. :) Esta é uma característica que dificilmente encontro em autores estrangeiros e, é por isso que ler escritores portugueses e histórias portuguesas como esta é por vezes uma necessidade física, porque tudo nos é familiar, coisas que fazem parte da nossa memória colectiva e que provocam um sentimento de pertença que dificilmente vivenciamos com autores estrangeiros.Por isso, o facto de a história não ser muito original e de por vezes o palavreado ser exagerado e onde facilmente se identificava a formação técnica do autor, não é muito relevante para o sentimento final que fica depois de lermos a última página, que é de que acabei de ler um bom livro escrito de uma forma que me surpreendeu.
Recomendo. ;)" N. Martins do blogue Quero um livro

1 comentários:

    On 13 dezembro, 2010 Anónimo disse...

    Gostei do que li em cima, comprei no sabado o livro do Carlos Machado, "Um Amor Sem Tempo, gostei do título, e também o caso do autor ser português, estou a ler novos autores de lingua portuguesa, principalmente as primeiras obras, o tema também me interessou bastante, no contexto do 25 de Abril e também por ser uma estória de Amor, que eu adoro, brevemente vou começar a ler, também estou a acabar outro de um portuguê, André Gago, rio homem.
    Voltarei aqui.

    Mário Sousa
    mrf@fct.unl.pt

     

Blogger Templates by Blog Forum