A minha opinião:
Ken Follett apresenta-nos um romance histórico que relata um determinado período, nomeadamente a I Grande Guerra, devidamente enquadrada nos anos que a precedem (desde 1911) e os anos que se seguiram (até 1925).
Os factos são relatados com grande pormenor e exactidão e, ao que me pareceu, pouco deve ter escapado ao estudo de Ken Follett, tamanhas são as descrições, os planos, as estratégias antes da guerra, durante a guerra e pós guerra.
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O leitor deve estar a pensar “bem, ela não gostou do que leu”. Não! Pelo contrário, adorei e aprendi imenso.
Quero apenas deixar claro que ao pegar neste livro, o leitor vai encontrar essencialmente informações sobre a I Guerra Mundial. Este, se não me engano, também foi o principal objectivo de Follett, daí que o nome da trilogia seja “O Século”. Faz todo o sentido a informação histórica que aqui encontramos.
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Agora, todas as personagens que compõem a narrativa são marcantes. Quase todas têm um papel fundamental no desenrolar da história, não esqueçamos que é neste período 1911/1925 que se dá grandes transformações e evoluções a vários níveis nos países mais poderosos da Europa da altura: França, Inglaterra, Alemanha, Império Austro-Húngaro e Rússia. Pois, os EUA já se destacavam destes pela sua economia que era cada vez mais próspera.
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Inúmeros personagens são apresentados, várias famílias interagem, no entanto 5 famílias sobressaem e têm um papel fundamental na obra.
O romance tem o seu início com a apresentação da família Williams, uma família galesa que vive do trabalho nas minas. Billy o filho mais novo inicia-se no trabalho das minas com apenas 13 anos, um trabalho duro, perigoso e pouco saudável.
A família Williams representa toda a sociedade que depende das minhas de carvão para a sua sobrevivência. Onde a pobreza permanece e a fé é uma constante. A fé e a esperança são a mola mestre da vida destas gentes.
Nesta família há que salientar o papel de Billy enquanto ser religioso. Pois, a determinada altura apercebe-se da incoerência das pessoas crentes. Crêem, têm fé, cumprem os mandamentos de Deus e na prática agem de diferente forma. Desiludido com os seus, abandona a Igreja para não mais voltar.
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Através de Maud (irmã do conde Fitz) e Ethel, Ken Follet mostra-nos os primeiros passos de lutam que as mulheres deram para alcançarem alguns direitos que eram privilégios somente dos homens, tais como, o direito ao voto e um salário digno do trabalho que desempenham.
Maud, é uma verdadeira lufada de ar fresco nesta obra, ela representa as feministas que aparecem nesta data. Apesar de pertencer a uma família conservadora, ela é uma lutadora pelos direitos das mulheres, luta pelos seus objectivos e ideias, mesmo que isto escandalize a sociedade e a sua própria família.
Ethel Williams que no início da obra é uma simples empregada, amante do conde, é uma das personagens que tem uma tremenda evolução no decorrer da narrativa. Ela e Maud fundam um jornal no qual publicam toda a informação que o governo quer esconder.
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Fitz, um dos personagens principais da história, é um conde conservador, possuidor de riqueza e título, no entanto reconhece nada ter feito que justifique tudo o que tem. Casado com Bea, de origem russa, também ela conservadora da sua cultura.
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As personagens alemãs a destacar são Otto Ulrich e Walter Ulrich. Otto é diplomata, conservador, intransigente à mudança, seu filho Walter é um jovem progressista que se apaixona por Maud (inglesa sufragista).
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Toda a Rússia é-nos apresentada através de Grigori e Lev. Uma Rússia decadente, onde o povo odeia o seu Czar e por conseguinte a nobreza e o clero.
Grigori e Lev, enquanto crianças, assistem à morte do seu pai em terras da princesa Bea. Mais tarde, é também apresentada mais uma família russa, mas esta prospera em terras de riqueza, nomeadamente os EUA. O país do sonho, do trabalho, da fartura…
Ken Follet, cria assim uma teia perspicaz entre os seus personagens.
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Com o crescente interesse pelo petróleo do México, começam a dar-se os primeiros indícios da guerra.
Inglaterra compra petróleo ao México para substituir o carvão que tanto utiliza. No entanto, a Alemanha também manifesta grande interesse pela mesma fonte de energia e vende armas ao México para a comprar. Assim, dão-se os primeiros desentendimentos entre EUA e Alemanha.
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Em todo o romance conseguimos perceber que o início da guerra e o seu fim depende dos desejos e interesses pessoais daqueles que detêm o poder. Um exemplo deste facto é o próprio conde Fitz que vê a guerra como uma necessidade para se sentir útil, para justificar o que tem, nem que isto represente a morte de milhares de vidas.
Por sua vez Otto defende que a Alemanha jamais deverá ceder à paz, porque se assim fosse a morte dos seus soldados teria sido em vão.
Quem está no terreno (os soldados), a partir de determinada altura já não entende os objectivos da sua luta. Sente fome, frio, desalento, abandono e solidão.
A solidão é tanta que os inimigos interagem entre si. Jogam à bola em pleno terreno de guerra, fazem-se amizades, falam nas famílias, na saudade. Mas no fim da noite, cada grupo volta ao terreno, para as suas trincheiras.
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O fim da guerra é anunciado com o repicar dos sinos (não podia deixar de ser) em Londres. A guerra terminou, mas muito há a fazer…
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Ken Follet, nas suas últimas páginas dá-nos uma pista para o seu segundo volume da trilogia “…a revolução em Munique acabou (…) apanharam o líder. É Adolfo Hitler.”
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Este é um romance hisórico excelente, recomendo a quem ama o género!
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Classificação: 6/7 Excelente

11 comentários:

    Olá Paula
    estou a acabar de ler este livro e concordo com todo o teu comentário; isto é um verdadeiro manual de história, ilustrado com uma estória de ficção que por vezes se mistura genialmente com a realidade. Mas também tem as suas fraquezas, que reservo para a omeu comentário, se não me levas a mal :)
    Só um pormenor a acrescentar: o livro, na minha balança, pesa 1,2 Kg; ou seja, nas horas que leva a ler permite-nos fazer belos exercícios de musculação. Tenho a sensação que o livro me deixou mais culto mas também mais forte. O livro foi caro mas dá para poupar no ginásio :)

     

    Esta trilogia, parece-me um verdadeiro monumento, mas vou deixa-la para daqui a uns tempos, pois leva-me a crer que o proximo volume ainda levará muito tempo a sair. gostaria de convidar-te para dares um salto ao Página e dares a tua opinião sobre a nova rubrica que tem como convidado o nosso amigo Manuel Cardoso de "Os Meus Livros". Um Beijinho Paula.

     

    Cara Paula
    Os grandes e trágicos momentos da história da humanidade são uma fonte inesgotável para a veia dos criativos. Por ironia, as horas terríveis de muitos milhões, passadas décadas, séculos, por força da capacidade criativa de alguns, são transformadas em momentos de puro prazer para outros tantos milhões.
    Pelo que li da sua resenha, um outro livro, a que se não deu qualquer crédito em Portugal, também nos leva a uma viagem fascinante pelos bastidores da 2ª Guerra Mundial, onde, curiosamente, o fio condutor, se localiza na aspiração do País de Gales à independência. Falo de: O Ferro Velho, de Anthony Burgess.
    Com amizade.

     
    On 13 outubro, 2010 Paula disse...

    Manuel,
    Estou curiosa por ler a tua opinião :D
    1,2 kg, pois...
    Bem que me andou a doer os braços e eu sem saber porquê :) imagina que lia o livro sem apoio :) mas também digo que prefiro assim grandão do que dividido em dois volumes. Assim está realmente melhor!
    :)

    Nuno Chaves,
    Realmente se os dois próximos volumes forem como o primeiro...
    Mas vale a pena :) quanto ao teu caninho, já lá fui. Adorei e já deixei mensagem :D

    Poeta do Penedo,
    O livro de que fala não conheço. Mas parece-me ser do género do Follet :) Como referi aprendi imenso. É um romance histórico em que se nota o empenho do autor em transmitir os factos com grande exactidão. Gostei!
    Tomei nota do que referiu parece-me que também vou gostar.

     
    On 14 outubro, 2010 Anónimo disse...

    Excelente, muito bem! A propósito de um dos nossos livros da semana, já tínhamos falado, no nosso blog da biblioteca, da ausência de filmes e livros que falem deste período tão chocante da Humanidade. Temos oceanos de literatura, música e cinema à volta da II Guerra Mundial, mas praticamente nada da I. Por que será??

    Um abraço e parabéns pelo post.

    Sandra Costa

     

    Uma trilogia que vou querer ler, mas por enquanto vou dedicar-me a descobrir outras obras do autor que tenho aqui por casa, como os "Pilares da terra". ;)

     

    Ora boas!
    Eu comecei a ler este livro ontem e estou a devorá-lo. Estou a gostar imenso.
    A ver vamos até ao fim.
    :D

     

    Iceman,
    Olá Iceman...quando li que estavas a adorar e a devorar surgiu um sorriso deste lado, porque lembro-me de brincares com o Pedro a propósito do autor :P Lembras?
    Palpita-me que pegaste neste livro pensando assim "Bem, vamos ver o que está por aqui..." :D
    Eu gostei do livro, embora seja essencialmente História e pouco romance à mistura :D
    Fico à espera do teu comentário com bastante curiosidade :D
    Abraço

     

    Sim, tenho uma ideia de ter brincado com o Pedro porque sei que ele adora o autor.
    Aliás antes de comprar o livro estive a falar com ele sobre o mesmo. Ainda não o leu mas está ansioso.
    Em todo o caso o que me levou a avançar na sua leitura foi ter visto que há opiniões diversas, que há comparações com Guerra e Paz e que, essencialmente, é um romance vincadamente histórico.
    Sobre a comparação entre Guerra e Paz, acho exagerado pois fazer o que Tolstoi fez, quanto a mim, não vai ser possível. Porém Follett esforçou-se e admito que consegue passar a ideia da saga elaborado por Tolstoi. Vamos ver a minha opinião no fim.
    Mas estou a gostar. A escrita é simples, não estou a achar nada confuso haver tantos personagens. Confuso é de facto Guerra e Paz como bem sabes.

     

    Olá Iceman,
    Acho que Follet seguiu o estilo de Guerra e Paz a nível de estrutura (a quantidade de famílias que interagem), mas os seus personagens não são nem de perto tão fortes e tão bem caracterizados como os de Tolstoi. Quando terminei Gerra e Paz, Pierre "ficou comigo" assim como Natacha, o que não aconteceu com nenhuma das personagens de Ken Follet. No entanto gostei muito de ler Follet porque nunca tinha lido nada sobre a I Guerra.
    Ainda, em relação às famílias de Follet não tive de fazer nenhum rascunho para memorizar, enquanto que as de Tolstoi levaram-me a encher um caderno inteiro e metade de outro de apontamentos ;)
    Abraço

     
    On 18 outubro, 2011 Adriana Levi disse...

    Adorei esse livro e aguardo ansiosa pelo próximo da série.

     

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