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"Uma mulher cai do céu durante uma tempestade tropical. As únicas testemunhas do acontecimento são Bartolomeu Falcato, escritor e cineasta e a sua amante, Kianda, cantora com uma carreira internacional de grande sucesso. Bartolomeu esforça-se por desvendar o mistério enquanto ao seu redor tudo parece ruir. Depressa compreende que ele será a próxima vítima. Um traficante de armas em busca do poder total, um curandeiro ambicioso, um antigo terrorista das brigadas vermelhas, um ex sapador cego, que esconde a ausência de rosto atrás de uma máscara do Rato Mickey, um jovem pintor autista, um anjo negro (ou a sua sombra) e dezenas de outros personagens cruzam-se com Bartolomeu entre um crepúsculo e o seguinte, nas ruas de uma cidade em convulsão: Luanda 2020"
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A minha opinião:
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Barroco Tropical, é o primeiro livro que leio de José Eduardo Agualusa e certamente vou ler mais do autor.
A sua leitura é fluída e sente-se prazer e à vontade na escrita. Agualusa brinda-nos com imensas histórias e lendas ao longo de todo o livro, assim como uma constante crítica a Angola, narrando episódios no mínimo macabros. Note-se que Agualusa é um grande crítico do regime Angolano.
A história é passada em Luanda no ano 2020 e vamos tomando conhecimento da história através de duas personagens: Bartolomeu (escritor de grande sentido de humor com o qual Agualusa numa entrevista diz identificar-se) e Kianda sua amante.
As personagens são apresentadas de uma forma muito própria, há um capítulo para a apresentação destas e finalizado o capítulo, Agualusa volta ao início da história, porque como ele próprio refere “esta é uma das vantagens da literatura em relação à vida: podemos sempre voltar ao princípio.”
A certa altura do livro, Bartolomeu por ter visto, falado e ouvido o que não devia é agredido na vista e neste episódio do livro é feito o trocadilho japonês dos três macacos sábios: Mizaru (o que cobre os olhos), Kikazaru (o que tapa os ouvidos) e Iwazaru ( o que esconde a boca com as mãos). Saliente-se ainda que “ninguém quer pensadores" naquele país pois " é coisa que desagrada quer aos dirigentes angolanos quer a todas as empresas e governos que aqui têm interesse. Angola vai muito bem (…) Pensar prejudica a saúde" daí que o trocadilho japonês ilustre muito bem esta passagem.
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A outra personagem que tem tanta importância quanto Bartolomeu é Kianda, pois esta tem várias personalidades, ela é cantora, amante, esposa, ambiciosa, humilde, modelo, já experimentou várias mortes, mas os dois têm uma coisa em comum, assim como os restantes personagens: o Medo.
Kianda desfila sobre a história de forma ímpar alertando-nos para vários aspectos da vida.
Uma leitura que recomendo.
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Classificação: 5/6 Muito Bom

6 comentários:

    Também gosto muito da escrita de Agualusa. Este ainda não tive a oportunidade de ler mas está referenciado na minha mente.

    Boas leituras :)

     

    Assisti há algum tempo atrás, uma entrevisata desse escritor, onde fiquei fascinada pela maneira com ele pensava sobre o que escrevia e o que sentia, falava dos países que considera ser sua terra...Sentia enquanto ele respondia a entrevistadora uma energia que poucos tem consciência de poder passar. Mas de tão impressionada que fiquei acabei esquecendo completamente o nome dele..coisa é comum me acontecer. Não conseguia lembrar e depois de um tempo acabei esquecendo de procurar.
    Obrigada agora com certeza se esquecer sei onde achar.

    beijos, E assim que pudder vou ler a sua indicação.

     

    Não conhecia este escritor, mas a história me interessou bastante, achei bem interessante.

    Beijos

     

    Eu não conhecia, mas gostei da tua resenha, deixou-me com vontade de conhecer mais do autor, este livro em particular...

     

    A escrita é o veículo que nos transporta à justiça das coisas, com a qual idealizamos um mundo perfeito. Somos plenamente felizes, mesmo que o sejamos apenas no mundo que de nós flui.
    Agualusa é um nome que conheço, mas, tal como Mia Couto acontece com Mia Couto, ainda nada li dele. O seu blogue, Paula, é uma extraordinária sala de apresentação.

    Cumprimentos.

     

    Isabem Maia,Selena Sartorelo, Renata, Eduardo Trindade, Poeta do Penedo,
    Acho que ninguem fica indiferente a "Barroco Tropical". Está magnificamente escrito!
    Abraços.

     

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