"O jovem médico português Sidónio Rosa, perdido de amores pela mulata moçambicana Deolinda, que conheceu em Lisboa num congresso médico, deslocou-se como cooperante para Moçambique em busca da sua amada.
Em Vila Cacimba, onde encontra os pais dela, espera pacientemente que ela regresse do estágio que está a frequentar algures. Mas regressará ela algum dia?
Entretanto vão-se-lhe revelando, por entre a névoa que a cobre, os segredos e mistérios as histórias não contadas de Vila Cacimba - a família dos Sozinhos, Munda e Bartolomeu, o velho marinheiro, o administrador, Suacelência e sua Esposinha, a misteriosa mensageira do vestido cinzento espalhando as flores do esquecimento."
O que eu achei:
Este romance de Mia Couto, é cheio de intriga, mistério e sobretudo de mentiras. Mentiras estas que se vão revelando à medida que a história avança.
Diga-se que as mentiras são tantas quantas as personagens que existem no romance.
O autor brinda-nos com trocadilhos de palavras e frases que nos fazem reflectir:

"depois de tantos anos deixamos de viver na casa e passamos a ser a casa onde vivemos"

"É o esquecimento e não a morte que nos faz ficar fora da vida"

"Quem tem medo da felicidade nunca chega a ser feliz"

"Quem pede sempre não sabe querer"

"amar - disse ele - é estar sempre chegando"

Um livro de leitura fácil, com personagens de caracterização simples, que mentem, perdoam, têm desejos e objectivos. Penso que é nesta simplicidade e na narrativa cheia de filosofia que está a beleza deste romance.


Classificação: 4/6 - Bom

7 comentários:

    On 26 março, 2009 CICL disse...

    Tem um final... por assim dizer não previsível... não achas?

     
    On 26 março, 2009 Paula disse...

    Cristina Bernardes:
    Pois, nem eu imaginava o desfecho assim, como também não estava a espera que tudo, mas tudo fosse mentira :)
    Gostei muito do romance.

     
    On 27 março, 2009 Lígia disse...

    Mais do que as histórias propriamente ditas, Mia Couto encanta-me pela forma como "brinca" com as palavras, dando-lhes musicalidade e magia... Notei mais isso noutros livros do que neste, mas também este me encantou. Ainda bem que gostaste!

     

    Também gostei bastante de ler este livro e tal como a Migalhas reinventar e pensar a língua portuguesa é algo que Mia Couto faz como poucos !

    Bjinhos

     
    On 28 março, 2009 Argos disse...

    Para mim, a leitura dos livros de Mia couto, é inversamente proporcional ao número de páginas.
    Dou comigo a voltar a trás em várias passagens e a ler e reler frases e palavras “novas”, acabadinhas de inventar!
    Venenos de Deus Remédios do Diabo é só aparentemente um livro de leitura fácil: Tantas mentiras e verdades…relativas? Daí o seu desfecho imprevisto.
    Mas será mesmo imprevisto? Não o sentíamos já nas palavras de dona Munda, nas cartas de Deolinda, nos “tresandarilhos” e no cemitério?
    Ou será que também nós queríamos fugir a essa verdade?

     

    Estou a ler este livro!
    Ainda nao cheguei ao fim , masa intriga de facto é viciante e o misterio cada vez aumenta mais.
    Mia Couto e o seu jogo de palavras..

    Bjinhos!!

     

    Ler Mia Couto, é sempre um grande prazer, o livro que a Paula refere é talvez, um dos romances que mais me impressionou no ano de 2008.
    Tenho toda a obra de Mia couto e tenho acompanhado a seu evolução literária. Para além da magia africana e das maravilhas que ele faz com a língua portuguesa, Mia Couto, neste seu romance atinge uma perfeição literária e um clima de nos prende do principio ao fim.
    Romance de mentira e ... mentiras. Imperdível.
    Um abraço
    Nocturna

    P.S. Estou neste momento a ler o seu mais recente livro de crónica que se chama « E Se Obama fosse Africano ? e outras InterInvenções.

     

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