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Sinopse
Na Madrid de 1980, o jovem Juan de Vere, acabado de sair da universidade, emprega-se como secretário pessoal de Eduardo Muriel, um decano do cinema espanhol. De uma perspectiva privilegiada, quase íntima, assiste à misteriosa desdita conjugal de Muriel e da esposa, Beatriz Noguera, e às reuniões de amigos naquela casa: um grupo de pessoas inteligentes e cultas que lida, no presente, com as consequências de um passado distante e do qual só agora começa, a medo, a falar.

Encarregue por Muriel de investigar o passado de um dos seus amigos de longa data, o doutor Jorge Van Vechten, Juan decide, na arrogância da juventude, ir além das funções de que fora incumbido e tomará decisões questionáveis - decisões de juventude, de quem tem, nas suas próprias palavras a alma e a consciência adiadas.

Opinião
Javier Marías é sem dúvida um escritor de um enorme talento, um mestre nas palavras e na arte de bem escrevê-las. No entanto, este autor causa em mim um efeito estranho, o mesmo que outros que admiro poderiam causar, só que, por algum motivo, nunca chegam a ultrapassar uma barreira que Marías ultrapassa à medida que vai concebendo novos livros. O facto de a escrita de Marías ser complexa é, a meu ver, uma virtude. É, efectivamente, bela e rica, e tende a alcançar um objectivo claro. Mas, à medida que autor vai lançando novos livros, eu sinto, enquanto leitor, que ele vai optando por tomar caminhos cada vez mais sinuosos para chegar a esse mesmo objectivo. Ou seja, sinto que, à medida que o tempo passa, o autor prefere dar ênfase à forma como a mensagem é transmitida, retirando, por outro lado, um compromisso que geralmente é assumido para com o leitor de a levar - à mensagem - onde deve ser levada. É estranha esta sensação que tenho experimentado com este escritor, mas é o que tem acontecido. A narrativa é de excelência, mas o fio condutor que me foi ligando a esta obra foi-se perdendo com as divagações, com as redundâncias e com as frases demasiado exploradas. Direi que os gostos pessoais não se discutem. Por isso recomendo que se leia esta obra, sempre com atenção e tempo disponível, porque é de enorme qualidade.
Sinopse
María Dolz, uma solitária editora de livros, admira à distância, todas as manhãs, aquele que lhe parece ser o “casal perfeito”: o empresário Miguel Desvern e sua bela esposa Luisa. Esse ritual cotidiano lhe permite acreditar na existência do amor e enfrentar seu dia de trabalho.
Mas um dia Desvern é morto por um flanelinha mentalmente perturbado e María se aproxima da viúva para conhecer melhor a história. Passa então de espectadora a personagem, vendo-se cada vez mais envolvida numa trama em que nada é o que parecia ser, e em que cada afeto pode se converter em seu contrário: o amor em ódio, a amizade em traição, a compaixão em egoísmo.
A história, narrada em primeira pessoa por María, sofre as oscilações de seus estados de espírito, de seus “enamoramentos”, evidenciando que todo relato é tingido pela subjetividade de quem conta.
Ao mesmo tempo, a presença incômoda dos mortos na vida dos que ficam é o tema que perpassa este romance, à maneira de um motivo musical com suas variações. Para desdobrar e reverberar esse mote, Javier Marías entrelaça a seu enredo referências a obras clássicas da literatura, como Os três mosqueteiros, de Dumas, Macbeth, de Shakespeare, e, sobretudo, o romance O coronel Chabert, de Honoré de Balzac.
Sustentando com maestria uma voz narrativa feminina, o autor eleva aqui a um novo patamar sua habilidade em nos envolver no mundo interior de seus personagens. Com Os enamoramentos, obra de plena maturidade literária, Javier Marías se reafirma como um dos maiores ficcionistas de nossa época.

Opinião
Introspectivo. Intenso. Incisivo.
Confesso que demorei algum tempo a ler este livro. Fi-lo em cerca de um mês. Não quero com isto transmitir que se tratou de uma leitura árdua, cansativa ou mesmo monótona. Bem pelo contrário. Penso que Javier Marías tem um poder que poucos autores detêm. Ele consegue pegar numa questão e esmiuçá-la indeterminadamente, durante o período que bem lhe apetecer, sem, no entanto, alguma vez perder o controlo do seu discurso.
Em “Os Enamoramentos”, o autor divaga sobre um desenvolvimento criado a partir de um acto comum. Trata-se de algo simples, mas que acaba por ganhar vida e contornos que fogem do domínio dos personagens que o envolvem.
A escrita do Marías é muito agradável e a linha de raciocínio magistral.
Gostei do livro e houve partes em que senti perfeitamente o que o personagem principal sentiu.
Recomendo este livro aos leitores pacientes e àqueles que gostam de ser surpreendidos pela beleza das palavras e ainda mais pela beleza de um pensamento.  

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