Mudar de Casa/Mudar os Livros - Fase 3 (ausência de livros)
20/04/2013 by Paula
Isto de mudar de casa tem
muito que se lhe diga… ainda estou na casa antiga, mas os objectos cá por casa
já escasseiam. É aquela fase em que já mudamos quase tudo e só ficamos com o
essencial - o que realmente faz falta. No entanto, já mudei para a casa nova
algo que me faz muita falta – os meus quase mil livros… Eu sei que mil livros
não me fazem falta todos de uma vez, mas vê-los todos nas estantes todos os
dias é para mim uma enorme satisfação! Saber onde está cada um e onde estão
todos!
Por agora, as paredes andam vestidas de branco, sem estantes e sem livros!!
Sei que é psicológico, mas é uma
realidade, deixei cá ficar 20 livros, aqueles que decidi que ia ler brevemente,
mais os que ficaram na mesa-de-cabeceira, porque de lá nunca saem. Isto para
dizer que uma casa sem livros é realmente stressante!
Hoje, enquanto esperava pela
minha filhota que estava a participar num Workshop de Escrita Criativa, fui à
Bertrand ver as novidades, as promoções, enfim, a verdade é que fui ver livros,
prateleiras deles… Comprei dois!!
Não resisti às palavras da contra
capa:
“A Paixão de G.H.” de Clarice Lispector – “ – Tu eras a pessoa mais
antiga que eu jamais conheci. Eras a monotonia de meu amor eterno, e eu não
sabia. Eu tinha por ti o tédio que sinto nos feriados. O que era? Era como a
água escorrendo numa fonte de pedra, e os anos demarcados na lisura da pedra, o
musgo entreaberto pelo fio d’água correndo, e a nuvem no alto, e o homem amado repousando
e o amor parado, era feriado, e o silêncio no voo dos mosquitos. E o presente
disponível. E minha libertação lentamente entediada, a fartura do corpo que não
pede e não precisa.”
A Boneca de Kokoschka de Afonso Cruz - "O pintor Oskar Kokoschka
estava tão apaixonado por Alma Mahler que, quando a relação acabou, mandou
construir uma boneca, de tamanho real, com todos os pormenores da sua amada. A
carta à fabricante de marionetas, que era acompanhada de vários desenhos com indicações
para o seu fabrico, incluía quais as rugas da pele que ele achava
imprescindíveis. Kokoschka, longe de esconder a sua paixão, passeava a
boneca pela cidade e levava-a à ópera. Mas um dia, farto dela, partiu-lhe uma
garrafa de vinho tinto na cabeça e a boneca foi para o lixo. Foi a partir daí
que ela se tornou fundamental para o destino de várias pessoas que sobreviveram
às quatro toneladas de bombas que caíram em Dresden durante a Segunda Guerra
Mundial."
E pronto, fiquei um pouco mais feliz
:D
A paixão segundo G.H. é um excelente livro. Difícil, denso, muito bom. Um dos que terei de reler, com calma.