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As Miniaturas, Andréa del Fuego

Opinião:

"O Edifício Midoro Filho fica o Centro" - Assim começa a história... e fica a questão ao terminarmos a leitura "...fica no centro..." 
No centro de quê? da praça? da cidade?ou do homem? Afinal é o Edifício é que alimenta o homem...

Esta obra - As miniaturas - é narrada pela voz de três personagens: oneiro, mãe e filho.
O oneiro trabalha no edifício Midoro Filho, é aquele que induz o sonho (através de figuras/miniaturas), a ilusão, no fundo a esperança para que o outro continue a viver com um objectivo. A Mãe busca o sentido da vida através das pistas fornecidas pelas miniaturas sugeridas pelo oneiro, já o filho - incapaz de sonhar - tem de ser conduzido pelo oneiro através no sonho.
Esta é uma narrativa que mistura fantasia e realidade, a realidade do povo, das gentes que trabalham, que lutam pela sobrevivência e por alguma estabilidade financeira. E quando tudo corre mal, há o oneiro a quem recorrerem com o objectivo da esperança, porque enquanto houver esperança há caminho a trilhar!
Entre oneiro e sonhante não pode haver relação alguma, no entanto, nota-se que o oneiro também fica dependente do sonhante, isto porque o sonho não existe se não houver ninguém para sonhá-lo!
Quando decidi ler esta obra, sabia que ia encontrar uma escrita diferente (tal como nos Malaquias), um tanto forte, sem floreados - quase fria, onde os sentimentos estão nas entrelinhas, é necessário interpretar, e descobrir para trazer ao de cima a beleza que as palavras, muitas vezes, não mostram!

Gostei muito da leitura, mas recomendo com algumas reservas.

Sinopse

Um romance poético e delicado sobre a ténue fronteira que separa o sonho da realidade.

Num prédio que pode ou não existir, as pessoas acumulam-se numa fila junto ao elevador. É o Edifício Midoro Filho, um marco imponente no centro da cidade, dezenas de andares empilhados numa arquitetura sóbria e funcional. Conforme se espalham pelos corredores, funcionários e visitantes ocupam as salas burocraticamente decoradas.
Cada oneiro atende sempre as mesmas pessoas que não se podem conhecer entre si e tão-pouco manter algum parentesco. Mas o sistema não é infalível e, naquela manhã, o oneiro percebe que o rapaz diante de si é filho de uma das suas clientes.

A partir desse equívoco burocrático, o oneiro abandonará cada vez mais o seu rigoroso código de conduta para se envolver na vida do rapaz e da sua mãe, uma taxista que sobrevive a duras penas após o desaparecimento do marido.

No jogo das pequenas esculturas plásticas que auxiliam os clientes durante as sessões com os oneiros, a autora ilumina as brechas que existem entre o real e o imaginado, o amor e a dedicação, numa prosa de arrebatadora força poética.

As miniaturas de Andréa del Fuego

Críticas de imprensa

«Apesar de suas respeitáveis qualidades e origem – Andréa Del Fuego ganhou em 2011 o Prémio Saramago de Literatura –, As miniaturas não é um livro pedante nem difícil. Lê-se com prazer e em poucas horas, uma vez que se trata de uma novela ágil e bastante interessante, sem os exageros que a fantasia brasileira recente tem insistido oferecer.»
Do site: http://mensagensdohiperespaco.blogspot.com.br


«Fosse escolher uma miniatura para o romance, ela seria um pequeno carrossel. Cada capítulo está fincado no seu lastro, como um cavalinho lustroso. A narrativa se mostra em círculo, em torno do próprio eixo. Um após o outro, vem o Oneiro, vem a Mãe, vem o Filho. Ainda que a grande roda narrativa continue a girar, as versões de cada personagem estão presas ao pino metálico.»
Luiz Nadal, jornal Rascunho


«A situação proposta é a de um prédio “no Centro” (eixo do mundo) de São Paulo, Edifício Midoro Filho – alusão a Artemidoro de Daldis, maior autoridade na Grécia Antiga sobre a interpretação dos sonhos, tendo inclusive influenciado Freud. Uma arquitetura asséptica e funcional para pacientes à espera de mais uma sessão com os oneiros, esses burocratas de uma organização kafkiana e analistas às avessas, que ao invés de escutar induzem sonhos, recorrendo para isso a esculturas plásticas em miniatura.»
Caio Liudvik para o Guia da Folha de São Paulo

Os Malaquias, Andréa Del Fuego

Opinião:
Este livro, primeiro chamou-me a atenção pela magnífica capa, depois pelo que é dito na contra capa. É um livro fortemente elogiado, ganhou o prémio literário José Saramago 2011. E por ser muito elogiado, nomeadamente por Pilar Del Rio e José Luís Peixoto fiquei, como se diz por aqui, de pé atrás… Pois é sabido que muito elogio é também por vezes truque de venda. Todos os livros/novidades nos últimos tempos são "sem excepção" “fantásticos” e de “leitura obrigatória” que já nem tenho em atenção ao que é dito pela crítica…
Mas voltando ao livro, os meus colegas de blogue no Destante, resolveram analisar a presente obra no seu clube de leitura de Braga e eu decidi arriscar nesta leitura e ainda bem que o fiz!
Esta foi uma leitura que se pautou por muitas indecisões a nível de gosto. Primeiro gostei, depois quase detestei e finalmente adorei e fiquei rendida à escrita da autora.
É de facto um livro diferente, afasta-se da maioria que lemos pelo seu conteúdo que vinga pela originalidade. No entanto, como já referi, esta mesma originalidade fez-me duvidar entre o adorar e o odiar a leitura e finalmente decidir-me pelo adorar!
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Serra Morena, terra húmida e humilde, como os seus habitantes, gentes do trabalho, gentes da vida. Um raio atinge a casa de Donana e de seu marido, tirando-lhes a vida. Este raio havia de marcar para sempre a vida de Nico, Júlia e António não só com a morte dos pais, mas em todos os seus actos e passos! Os três separam-se fisicamente uns dos outros para mais tarde Nico e António se reencontrarem, porém Júlia será uma constante no pensamento de ambos, mas como “em água turva, as substâncias não se veem” este encontro será sempre uma dificuldade.
Nesta escrita, existe a brutalidade das palavras e das descrições, mas também existem vales dentro de pedras que são uma opção, uma oportunidade para os personagens e um sonho para os leitores. Há também bules que engolem homens e que nos fazem sorrir, há quem consiga fazer-se luz numa lâmpada e colocar-se dentro de um tacho com o objectivo de fazer borbulhar o leite com a sua dança!
O sofrimento é uma constante nos personagens em todo o romance, um romance que se pinta com a cor da terra. O calor e o castanho foram para mim uma constante nesta leitura.

ADOREI! Recomendo!

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