Sinopse:
«Que aconteceu ao meu filho? E à nossa família? Que fiz eu de errado?»

Estas foram perguntas dolorosas que martirizaram David Sheff durante o longo período de dependência de drogas do seu filho Nic e de várias tentativas de recuperação.

Antes de se tornar toxicodependente, Nic Sheff era um rapaz encantador, alegre e divertido, um aluno excelente, praticante de desporto e adorado pelos dois irmãos mais novos. A toxicodependência fez dele um débil fantasma de si mesmo, que mentia, roubava e vivia na rua.

Neste livro, David Sheff descreve os primeiros sinais de aviso - a negação, os telefonemas de madrugada - «É o Nic», «É da polícia», «É do hospital» -, e como a sua preocupação com Nic se tornou obsessiva, um vício em si mesmo e um peso tremendo para toda a família. Mas, graças à sua experiência de jornalista, David dedicou-se a uma intensa pesquisa de todos os meios de tratamento disponíveis que pudessem salvar o seu filho. E, mais importante ainda, recusou-se a desistir de Nic.

Autêntico e profundamente comovente, este é o testemunho da dedicação e do amor por um filho à beira do abismo.

Agora também numa adaptação cinematográfica com Steve Carrell como protagonista.


Autor:
Para além de jornalista, David Sheff é autor de diversos livros. Os seus artigos e entrevistas a personalidades públicas de grande relevo têm sido publicados em vários jornais e revistas, como The New York TimesRolling StonePlayboyWire e Fortune. O artigo «My Addicted Son», publicado na New York Times Magazine, venceu o prémio da American Psychological Association, tendo sido considerado um excelente contributo para o desenvolvimento do conhecimento na área da toxicodependência.


Citações:
«Um livro autêntico, uma mensagem de esperança.» PUBLISHERS WEEKLY

«Um livro emocionante, sério, com uma escrita brilhante. Uma leitura fundamental para adolescentes e pais.» DAILY MAIL

«Uma leitura excelente para todos os pais, independentemente das circunstâncias que envolvem os seus filhos.»
LIBRARY JOURNAL
«Este livro vai salvar muitas vidas e ajudar a sarar corações.» ANNE LAMOTT, ESCRITORA


Opinião:
Esta obra trata de um assunto que aterroriza muitos pais ou futuros pais. Um assunto muito difícil de lidar... a toxicodependência. A toxicodependência não escolhe estrato social, ou raça, ou em famílias monoparentais ou biparentais... e não acontece só aos filhos dos outros...
Se para se lidar com uma criança na fase da adolescência é difícil, então adolescente e toxicodependente deve ser aterrorizante.
O jornalista David Sheff passou por isso e nesta obra conta-nos pelo que passou e o quanto lutou para ter o seu filho de volta. Ele não dá conselhos, porque infelizmente não há fórmulas mágicas para que os nossos filhos não enveredam por esse caminho, nem as há para nós pais sabermos lidar com a situação.
E como o autor escreveu "Espero, contudo, que na nossa história, exista algum consolo, alguma orientação e, se não houver mais nada, sim, alguma companhia."
Terminei a leitura desta obra no dia um e posso-vos garantir que é excelente.

Transcrevo “alguns” parágrafos que penso que vos irá interessar e fazer com que tenham uma “ideia” do que realmente é esta obra.

“A história da nossa família é única, claro está, mas também é universal, na medida em que todas as narrativas de toxicodependência se assemelham. Apercebi-me das semelhanças entre nós quando fui pela primeira vez a uma reunião dos Al-Anon.  Durante muito tempo, resisti à ideia de ir, mas essas reuniões dos Al-Anon embora me tenham feito chorar imensas vezes, deram-me forças e mitigaram a minha sensação de isolamento. Senti-me ligeiramente menos assoberbado. Além disso, as outras histórias preparam-me para desafios que, caso contrário, me teriam apanhado de surpresa. Não posso dizer que tenham sido o remédio para todos os meus males, mas senti-me grato até pelo mais pequeno alívio e qualquer tipo de orientação que pudesse obter.”
 “Porque nos ajuda lermos as histórias dos outros? Não tem só que ver com o facto de que a infelicidade gosta de companhia, porque (como vim a perceber) a infelicidade é demasiado egocêntrica para querer muita companhia. As experiências dos outros ajudaram-me na luta emocional; quando lia, sentia-me um pouco mais insano. E, tal como as histórias que ouvi nas reuniões dos Al-Anon, a escrita dos outros serviu-me de guia para as águas inexploradas. Thomas Lynch mostrou-me que é possível amar um filho que está perdido, possivelmente para sempre.”
“Qualquer pessoa que já passou pela situação – ou que esteja a passar por ela – sabe que tratar de um toxicodependente é tão complexo, penoso e debilitante quanto a própria dependência. Nos meus piores momentos, senti-me indignado com o Nic, porque um toxicodependente, pelo menos quando está sob o efeito de alguma substância, tem um alívio momentâneo de sofrimento. Os pais, os filhos, os maridos, as mulheres ou as outras pessoas que os amam não têm qualquer alívio.”

“Nós somos disfuncionais – tão disfuncionais quanto qualquer família. Por vezes mais outras vezes menos. Acho que não conheço nenhuma família «funcional», se funcional implica nunca ter passado por tempos difíceis e membros sem uma série de problemas. Tal como os toxicodependentes, as famílias destes são tudo o que estaríamos à espera e tudo o que não estaríamos à espera. Os toxicodependentes vêm de lares desfeitos e de lares intactos. São eternos falhados e pessoas extremamente bem-sucedidas. Muitas vezes ouve-se em palestras ou em reuniões dos Al-Anon ou dos AA falar dos homens e das mulheres inteligentes e encantadores que desnorteiam aqueles que os rodeiam quando acabam na sarjeta.”

“Sei que estou a perder o Nic, mas continuo a racionalizar a situação: é típico dos adolescentes afastarem-se dos pais – tornarem-se intratáveis e distantes. «Uma pessoa pergunta-se com terá sido Jesus aos dezassete anos», escreveu Anne Lamott. «Nem sequer falam disso na Bíblia, deve ter sido mesmo muito mau.» Ainda assim, continuo a tentar chegar até ele, a fazê-lo falar, mas parece não ter grande coisa para me dizer.”

“As drogas podem tornar-se o foco central tanto para os miúdos como para os pais, mas também mascarar problemas mais profundos associados. Como podem os pais saber? Consultamos mais especialistas, mas não é garantido que eles saibam. O diagnóstico não é uma ciência exata e é complicado, sobretudo no caso dos adolescentes e dos jovens adultos, para quem algumas alterações de humor, incluindo a depressão, são comuns. Muitos sintomas destas perturbações parecem idênticos a alguns dos sintomas do consumo de drogas. Além disso, quando os especialistas finalmente descobrem que existe um problema, a toxicodependência pode ser exacerbado a maleita inicial e ter-se fundido com ela. Torna-se impossível saber onde uma termina e a outra começa.”

“… Contudo, aprendi que o adágio do AA é verdadeiro: somos tão doentes quanto os nossos segredos. Aprendi o quanto ajuda falar sobre a toxicodependência do meu filho, reflectir sobre a questão e ouvir e ler as histórias dos outros. … “

“Concordo, sem reservas, com a primeira recomendação de qualquer campanha antidroga racional: falem com os vossos filhos cedo e frequentemente sobre drogas. Caso contrário, estarão a deixar a tarefa da instrução nas mãos de outra pessoa qualquer. Devem ser abertos e sinceros sobre a vossa experiência com as drogas? Essa é uma decisão muito pessoal, porque cada progenitor e cada filho é único. Eu teria todo o cuidado para não glorificar o consumo de drogas e álcool e teria em consideração a idade das crianças, sem nunca dar mais informação do que aquilo que elas conseguem compreender num determinado momento. Porém, em última instância, não sei se tem relevância o facto de os pais contarem a sua experiência ou a quantidade de informação que fornecem. Há coisas que são muito mais importantes. Qual é a minha opinião sobre isto no que diz respeito à minha família? Acredito que os filhos não precisam de conhecer todos os pormenores pessoais da nossa vida (e não devem conhecê-los), mas nunca mentiria os meus filhos e responderei às perguntas deles com honestidade.”

“Isto parece um final feliz para o pesadelo infernal da toxicodependência, e é. Aquilo que quero dizer é que, por muito más que as coisas se tornem, geralmente há esperança. As pessoas geralmente recuperam. Àqueles que estão a travar uma luta agonizante, digo: a toxicodependência é uma doença complicada, que geralmente se complica ainda mais devido à existência de transtornos psicológicos coexistentes. Viver com esta doença é sempre um desafio e, por vezes, um verdadeiro tormento. Porém, essas doenças são tratáveis. Volto a dizer: não percam a esperança.”

“E eu? Não passa um dia sem que pense na sorte que temos – eu e o Nic e a nossa família. Sei que a sorte é a única razão pela qual o meu filho está vivo, enquanto outras pessoas tiveram de enterrar os filhos. Enquanto nós continuamos a viver, penso nessas pessoas todos os dias.
Estou muito orgulhoso do trabalho que o Nic fez e continua a fazer consigo próprio, mas é claro que não há garantias. Sinto-me optimista porque os estudos sugerem que o tempo passado sem o consumo de drogas prevê mais tempo passado sem o consumo de drogas. Porém, há sempre um risco: já ouvi histórias de pessoas que tiveram uma recaída após vinte anos de sobriedade ou mais.
No momento em que escrevo estas linhas, o Nic tem trinta e seis anos.
Depois de tudo aquilo por que passámos, trinta e seis parece-me um milagre.”


Meu Deus! Quem há-de dizer que o homem pode meter um inimigo pela boca dentro para lhe roubar a razão?! Como somos capazes de nos transformarmos em animais, com alegria, prazer, entusiasmo e orgulho?!
William Shakespeare, Otelo


Para mais informações procurar aqui.



3 comentários:

    On 09 janeiro, 2019 Dulce disse...

    Olá Lígia,
    Deve ser um livro muito interessante e muito doloroso para quem como nós tem filho.
    Pena ter saído à Carina Pereira.^-^
    Bjs

     
    On 09 janeiro, 2019 LC disse...

    Olá Dulce.

    Sem dúvida que é um tema muito doloroso.
    Por vezes achamos que os nossos filhos são tão inteligentes que nunca irão experimentar tal coisa, mas existem uma séries de fatores que a nós pais por muito atentos que sejamos nos passa por vezes despercebido. No caso do "Nic" o "rapazinho" tinha uma depressão, passou por vários especialistas e nenhum se apercebeu, depois foi como uma pequena bola de neve que se transformou numa avalanche.

    Obrigada por ser tão atenta e participativa no nosso blogue.

    Um bom ano.

    Beijinhos

    Lígia

     
    On 10 janeiro, 2019 Dulce disse...

    Lígia
    Todos os dias passo por aqui, pelo blog, e agora que perdi a vergonha ..... comento tudo. ^-^
    Bjinhos

     

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