"O Guardião das Causas Perdidas", Jussi Adler-Olsen (Opinião)
05/08/2014 by Vasco
Carl Mørck não é o
detetive mais popular da Divisão dos Homicídios de Copenhaga. Por
isso, quando é criado o Departamento Q, com a missão de rever casos
arquivados, Carl Mørck é designado para o dirigir. O seu primeiro
caso é o de Merete Lynggaard, uma deputada que desaparecera cinco
anos antes sem que a polícia conseguisse mais do que conjeturar uma
aparente tentativa de suicídio. Toda a gente acha que ela está
morta. Toda a gente diz que investigar o sucedido é uma perda de
tempo. Mas, à medida que Carl Mørck começa a seguir as pistas que
o seu colega havia descartado aquando da investigação inicial,
descobre um caso com contornos inesperados e profundamente sinistros…
Opinião
Viciante.
Divertido. Superior.
Este
livro tem nas suas personagens uma das suas grandes armas. Tanto Carl
Mørck, o detective mal-amado pelo seu departamento, como Assad, o
sírio misterioso que é designado para ajudar o primeiro, são os
protagonistas anti-heróis que estão no centro de grande parte da
acção. E quando eles não aparecem, entra a rotina surrealista e
desconhecida de Merete, a vítima da história, embora não seja
vista dessa forma por toda a gente.
Portanto,
Carl e Assad têm momentos deliciosos, bem irónicos e sarcásticos
como os nórdicos sabem muito bem ser, devido ao modo peculiar de
agirem e pelas diferenças que os caracterizam. O perfil de Assad
varia entre a insensatez e a genialidade, enquanto o de Carl vai
dançando entre o descaramento e a óptima capacidade de análise.
Estas
duas personagens são, assim, brilhantes nas suas mais variadas
formas.
Também
o enredo vai muito além daquilo que se espera de um simples
policial. Sente-se a energia que o autor imprime a cada parágrafo
que se lê, principalmente depois de sermos absorvidos pelo livro.
Existe muita agilidade na forma como tudo acontece, sendo que as
acções não são descritas sempre da mesma maneira nem com a mesma
intensidade. É como se tudo fosse contado com uma disposição
diferente, e isso é raro de se ver. E eu adorei essa
particularidade, assim como adorei esta leitura.
“O
Guardião das Causas Perdidas” é mesmo muito bom.