C - Tom McCarthy


Esta leitura surge na sequência da leitura conjunta no blogue Destante, a opinião que se segue contém spoilers.

Opinião:
A história começa de forma bastante aliciante e cativante para o leitor. Um médico é chamado para fazer nascer uma criança. Esta criança é o nosso personagem principal “C”. Há um prenuncio de boa sorte para este bebé, pois quando vem ao mundo, vem envolto numa coifa.
Na casa onde Serge nasce o pai dá aulas a crianças surdas. Uma escola onde é proibido gesticular!
Comunicar faz parte da vida, mas segundo o pai de Serge, é fundamental que se comunique através da fala “aqui ensinamos-lhes a linguagem, não o secretismo e o silêncio. É isso que conduz às guerras” uma crítica ao cinismo da guerra, aos objectivos assim como a todos que a planeiam.
A obsessão pela fala em relação aos surdos/mudos, é tão grande, que o pai de Serge organiza eventos em que as crianças declamam…muitas das vezes o resultado é quase desastroso “as palavras prendem-se e esticam-se e arrastam-se e voltam a silvar. Os pais (…) esforçando-se a apanhar o sentido das frases”
Para Carrefax, a comunicação é a sua vida e a ela dedica todo o seu tempo, relegando para segundo plano a família.
Serge e sua irmã, aventuram-se em laboratório fazendo experiências e causando explosões sem vigia por parte dos adultos. O resultado não poderia ser pior, a sua irmã morre e a solidão invade Serge.
O enterro de Sophie (irmã) é feito de forma bastante teatral. Os alunos voltam a declamar, e as frases saem distorcidas, parecendo vermes a tentar sair da terra e a comunicar…
Apenas Serge sente a morte da irmã de forma diferente. Sente que tudo o que acontece naquele momento não tem nada a ver com a sua irmã nem com a própria morte. A terra terá a partir deste momento um sentido diferente na vida de Serge.
Após a morte da irmã, Serge é “atingido” por uma doença de estômago que o “aprisionará” durante muito tempo num centro de recuperação. Só de lá sairá para a guerra. Na guerra tentará ver na morte algum sentido, já que na morte de sua irmã este sentido esteve ausente.
Ao voltar para casa após a guerra, sente-se deslocado, sente que aquele não é o seu mundo. Parte deste pensamento também se deverá ao facto da ausência da sua alma gémea (Sophie).
Surge a oportunidade de viajar rumo ao Egipto e lá Serge irá ficar… não se cumprindo deste modo o presságio da coifa!
Este é um livro muito rico em informações históricas, acerca de diversos assuntos. No entanto, a partir de uma certa altura a leitura deixa de ser fluida, tem de de ser lido com atenção e alguma persistência. Gostei da escrita do autor, das figuras de estilo usadas que deixam informação e mensagens nas entrelinhas, afinal os códigos e as mensagens são o tema principal do livro.
Gostei, mas recomendo com algumas reservas pelas razões que já referi.

Sinopse:
Sinopse: C conta-nos a história de Serge Carrefax. Nascido em 1898 filho de um homem fascinado pelas experiências com as comunicações sem fios que ao mesmo tempo dirige uma escola para crianças surdas, Serge passa a infância entre o silêncio e o ruído de estática, e toda a sua vida ficará marcada pelos mistérios da comunicação: pelos códigos usados durante a Primeira Guerra Mundial, pelas sessões espíritas em Londres após a guerra e pelos enigmas do Egipto. C é um romance ambicioso e original no seu alcance histórico e psicológico - e na sua tentativa de decifrar um pouco os códigos e ritmos obscuros que regem a vida e nos mantêm todos interligados.


O livro aqui na editora

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