A Pérola - John Steinbeck

A minha opinião:
(contem spoilers)
A sinopse deste pequeno grande conto refere o seguinte: "parábola poética sobre as grandezas e as misérias do mundo", realmente esta frase caracteriza toda a história.
Kino não tem nada na vida a não ser a sua mulher, o seu filho e uma canoa. Canoa esta que lhe permite trazer comida para a sua casa, ou melhor dizendo, para a sua cabana. Com o pouco que tem é feliz, e a canção da família soa-lhe calma, alegre e tranquila até ao dia em que um escorpião pica o braço do seu filho, então a canção do inimigo começa a inundar-lhe a mente.
Kino e a mulher, acompanhados por todos os amigos da zona das cabanas (gente pobre) correm à casa do médico a solicitar ajuda para o seu filhote doente e moribundo!
O médico estava com seu roupão de seda importado, a tomar o seu chá na mais fina das chávenas. Ao ser interrompido pelo seu criado devido ao pedido de auxílio, refere que é médico e não veterinário e por isso não iria tratar do filho de ninguém.
Kino, não vendo outra saída para que o médico o atendesse, sai para o mar, com o intuito de recolher ostras com o objectivo de encontrar alguma pérola para pagar os serviços daquele que era capaz de cuidar do seu filho. A sorte está do seu lado e encontra "a pérola do mundo"... uma pérola muito valiosa...
É então que toda a vida de Kino muda e não é para melhor!
Quando se espalha a notícia de que "a pérola do mundo" foi encontrada, todos sentem algum interesse por Kino, todos têm algo para pedir e outros têm algo para vender, o nosso personagem para a ser perseguido e sente-se ameaçado.
Porém, o seu grande sonho é dar instrução ao filho, dar o que não teve. Eu não diria que esta é uma grande ambição, é apenas uma ambição justa, uma ambição que qualquer pai tem, mas a mesquinhez do povo e a sua ganância não deixam Kino levar o seu sonho a bom porto. O seu filho, depois de já estar curado da picada do escorpião morre, morre com um tiro.
Ora, com este final para Kino e sua esposa, podemos fazer mais uma leitura da história, para além da mesquinhez e inveja, que se refere à ganância de Kino. Se este se tivesse contentado com o valor inicial oferecido pela pérola (um valor baixo, um valor claramente irrisório) o seu filho não teria falecido do modo que faleceu. No entanto, Kino tinha, a meu ver, todo o direito a lutar pela única coisa que poderia salvar a sua criança da miséria.
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Uma leitura que aconselho, porque como diz no seu início "se considerarmos esta história como uma bola, talvez seja possível extrairmos dela uma moral e descobrirmos nela a própria vida"
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Classificação: 6/7 Excelente
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Sinopse:
Baseada num conto popular mexicano, A Pérola constitui uma inesquecível parábola poética sobre as grandezas e as misérias do mundo tão contraditório em que vivemos. É, assim, a história comovente de uma pérola enorme, de como foi descoberta e de como se perdeu… levando com ela os sonhos bons e maus que representava, mas é também a história de uma família e da solidariedade especial entre uma mulher, um pobre pescador índio e o filho de ambos.

7 comentários:

    On 23 janeiro, 2011 Vera disse...

    Li este livro quando estava no 8º ano (6 anos atrás). Na altura não foi dos meus favoritos. Isto devido, possivelmente, ao facto de ainda não ter capacidade suficiente para o admirar e extrair dele toda a sua essência.
    Ao ler a sua opinião sobre este livro voltei a ter vontade de o ler. :)

     

    Tenho de ler, tenho de ler, tenho de ler.
    :)

     

    Excelente obra de um grande, grande escritor.
    Li esse livro há uns anos e recordo-me que adorei, no entanto de Steinbeck, para mim, a sua obra prima é as Vinhas da Ira. Arrepiante a forma como ele descreve a Grande Depressão de 1929.

     

    Como já te tinha dito este é um pequeno livro com uma grande história, para além de ser bonita e nos dar uma lição de vida. ;)
    Beijinhos e uma óptima semana!

     

    Foi bom recordar este livro do Steinbeck ao ler a tua crítica. Fiquei com vontade de o reler. :)

     

    Li este livro há uns dois anos! Gostei bastante :) e hoje trouxe para casa "A Um Deus Desconhecido".... Esperemos que seja para uma leitura em breve!

    Foi o primeiro que leste de Steinbeck?

    Boas leituras*

     

    Bem eu também o li no oitavo ano (há 2 anos) e não gostei nada. Percebo que provavelmente tenha sido por ter feito uma análise exaustiva da obra, mas mesmo assim... não sei. Não acho nada bem este livro ter sido dado no oitavo ano. nada mesmo.

    Pode ser que um dia o veja com outros olhos, mas para já gostaria de ler As Vinhas da Ira :)

     

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