Observações - Jane Harris
13/04/2010 by Paula
Sinopse:
.
A minha opinião:
.
Toda a narrativa é nos contada através de Bessy, uma jovem que acalenta um sonho e que parte à conquista do mesmo. É nesta busca que o seu objectivo inicial é alterado, acabando por ficar a servir em casa de um casal.
O aspecto mais relevante desta obra prende-se com a sua dimensão de análise psicológica que nos pode fornecer grandes motivos de reflexão sobre o comportamento humano.
Essencialmente, está em causa a nossa relação com as pessoas que nos rodeiam.
Este livro faz-nos também pensar na tentação que o ser humano tem de se imiscuir na vida dos outros. A tentação de querer saber, de satisfazer uma certa curiosidade sobre o comportamento alheio.
Do querer saber ao acto de experimentar reacções vai um pequeno passo; uma nova tentação emerge: a de saber até que ponto podemos influenciar comportamentos. Nesta “invasão” da personalidade do outro, procura-se também testar a nossa influência.
O passo seguinte é o estabelecimento de uma relação de poder: a partir do momento que sentimos a possibilidade de controlar, passamos a exercer poder, domínio sobre o outro.
É o que se passa com Mrs. Reid em relação a Bessy mas também a outras criadas, no passado. Ela sente-se mais poderosa quando consegue controlar todo o comportamento das criadas.
No entanto, a partir do momento em que Bessy descobre alguns segredos da antiga criada Nora, há uma certa transferência de poder. Agora é Bessy quem parece controlar Mrs. Reid porque detém conhecimentos que lhe conferem esse poder. É mais uma vez a afirmação do conhecimento como forma de poder sobre o outro.
Em conclusão, trata-se de um livro com uma escrita fluente e fácil, num estilo atractivo e agradável. No entanto, o que se destaca mais nesta obra é sem dúvida a reflexão sobre a relação com os outros como forma de estabelecer laços de poder.
Uma abordagem interessante... parece-me que o tema dava pano para mangas.
Sabes uma coisa? Este teu comentário fez-me reflectir.
Parece-me que o ser humano tem uma tendência incrível para usar "o outro", esquecendo que o outro constitui um mundo em tudo semelhante ao "eu"... e isto é um absurdo da humanidade! Afinal de contas, os outros, como mundos idênticos ao nosso, podem ser o melhor meio possível para a busca da nossa identidade, para a construção daquele equilíbrio interior essencial à vida... enfim, isto dava para uma enorme reflexão... e só por isto já valerá a pena ler o livro, não?
Um abraço!
Um livro que pretendo ler, pois suscitou-me curiosidade desde o início. A tua opinião veio reforçar ainda mais esta minha vontade.
Boas leituras!