Jesusalém - Mia Couto
13/09/2009 by Paula
.
“Toda a história do mundo não é mais
que um livro de imagens reflectindo
o mais violento e mais cego
dos desejos humanos: o desejo de esquecer
Herman Hess, Viagem pelo oriente”
que um livro de imagens reflectindo
o mais violento e mais cego
dos desejos humanos: o desejo de esquecer
Herman Hess, Viagem pelo oriente”
.
“A primeira vez que vi uma mulher tinha onze anos e me surpreendi subitamente tão desarmado que desabei em lágrimas. Eu vivia num ermo habitado apenas por cinco homens. Meu pai dera um nome ao lugarejo. Simplesmente "Jesusalém". Aquela era a terra onde jesus haveria de se descrucificar. E pronto, final”
Jesusalém é o nome do lugar onde Silvestre escolheu para se refugiar do seu passado com os seus filhos. Lá não tem de prestar contas a ninguém e pode começar uma nova vida. Nos seus momentos mais difíceis e de recordações refugia-se em Mwanito, seu filho mais novo: o afinador de silêncios.
Mas o objectivo da solidão falha com a chegada de Marta que desencadeia a curiosidade em Mwanito e em Ntunzi. Esta personagem também portadora de um passado chega em busca de respostas e encontra em Jesusalém a sua paz. Porque também lá, pode ser ela mesma, não tem de ser o que os outros esperam que ela seja.
.
Jesusalém, um lugar (porque houve chegada e partida) sem memória e sem história. Um lugar que na hora de ir embora já tinha um passado mesmo que controverso. E porque o esquecimento não dura para sempre, como referiu Marta "nenhuma viagem é tão longa" o passado de Silvestre será sempre recordado por este, assim como Jesusalém fará sempre parte dos seus habitantes, até porque Jesusalém existe em qualquer lugar .
Mais uma história em que Mia Couto nos brinda com a sua linguagem poética
Jesusalém é o nome do lugar onde Silvestre escolheu para se refugiar do seu passado com os seus filhos. Lá não tem de prestar contas a ninguém e pode começar uma nova vida. Nos seus momentos mais difíceis e de recordações refugia-se em Mwanito, seu filho mais novo: o afinador de silêncios.
Mas o objectivo da solidão falha com a chegada de Marta que desencadeia a curiosidade em Mwanito e em Ntunzi. Esta personagem também portadora de um passado chega em busca de respostas e encontra em Jesusalém a sua paz. Porque também lá, pode ser ela mesma, não tem de ser o que os outros esperam que ela seja.
.
Jesusalém, um lugar (porque houve chegada e partida) sem memória e sem história. Um lugar que na hora de ir embora já tinha um passado mesmo que controverso. E porque o esquecimento não dura para sempre, como referiu Marta "nenhuma viagem é tão longa" o passado de Silvestre será sempre recordado por este, assim como Jesusalém fará sempre parte dos seus habitantes, até porque Jesusalém existe em qualquer lugar .
Mais uma história em que Mia Couto nos brinda com a sua linguagem poética
.
Classificação 4/6 - Bom
Muito curioso teres inserido essa citação de Hess na crítica a este livro! Não concordo com o teor da citação mas ela encaixa como uma luva no espírito da obra de Mia Couto.
África nunca conseguirá esquecer a pilhagem europeia, americana e até asiática. Talvez porque essa pilhagem nunca termine. E mais difícil do que esquecer o passado, é esquecer o presente.
Gostei muito de sua resenha....me despertou mais o interesse de que a própria sinopse do livro.
Bj
fiquei desesperada para ler esse livro! Hoje mesmo inicio minha busca!
A citação de Herman Hess acenta como uma luva, boa escolha, sim senhora.
Adorei a idéia do livro..com certeza vai para minha lista..
beijos
Já li e gostei muito!
E também já li Barroco Tropical, gostei, mas não aderi de imediato à narrativa.Mas a partir de certa altura comecei a desejar chegar ao fim... para mim esses são os romances interessantes...
Saudações
Alcinda
Olá Paula!
Tens sempre óptimas resenhas que põem as pessoas com vontade de ler.
Eu nunca experimentei Mia Couto, não por falta de vontade mas por falta de oportunidade. Mas anotei na minha lista este livro. Quem sabe num futuro próximo...
Boa semana***
Manuel Cardoso e Carla,
Essa citação vem logo nas primeiras páginas do livro, penso que mesmo na primeira. Escolhi porque também achei que só essa citação caracterizava todo a obra.
La Sorcière, Abriendo puertas y ventanas,Renata.
Vão gostar :)
Alcinda Leal,
Confesso que já estou rendida a "Barroco Tropical" ;)
Jojo,
A escrita de Mia Couto é sensível e muito sentida. Faz-nos reflectir.
Nunca li nada de Mia Couto. No entanto li uma sua entrevista, em que recusa a idéia de se considerar escritor. Quando alguém, como ele, ganha nome no mundo literário e não se revê no conceito que a um escritor diz respeito, ou é falsa modéstia ou é genuinamente simples. Terei mais cedo ou mais tarde ler um livro dele, para perceber o porquê do seu sucesso, até porque África sempre me fascinou.
Cumprimentos
Poeta do Penedo,
Se ler Mia Couto vai gostar de certeza, ele tem uma escrita simples e ao mesmo tempo muito rica. Muita informação e reflexão nas entrelinhas :)
Abraço!
Emocionante parar aqui e encontrar tua sensibilidade expressa de forma tão confiante e segura.
Parabéns...
Lindo BLOG!
Fernanda
Ainda só li um livro de Mia Couto e foi um de contos, se não estou em erro chama-se "Contos do nascer da Terra" e tenho muita curiosidade neste "Jesusalém". :)
Fernanda,
Obrigado
Tons de Azul,
Acho que vais gostar se leres.