ABRANDA O TEMPO

Ouvi num grito surdo do tempo
uma voz que me dizia degradantes histórias
de culpas e dúvidas,
num contar enegrecido de beijos não dados.
Foi do vento que senti a emoção quedar-se,
a afrouxar-se dentro de um peito a bater por saudade.
Por uma paz de sombra construída,
elevei um espaço só meu
perdendo numa trilha do tempo que soprando
sem força, cansativo, dizia-me
abranda coração enganador,
destemido das mentiras ditas por teus lábios.
Abranda teu pérfido ser.
De tantas angústias viveste!
Para e escuta o tempo que o tempo te concede.
Abranda e verás o tempo cair em teus braços
e a força a rasgar tuas entranhas,
teu sangue renascido por entre cinzas da
tua parca sombra, intemporal.

Invictas Brotassem, Clarice Nunes-Dorval

2 comentários:

    On 23 novembro, 2012 Anónimo disse...

    Não é muito fácil lembrar-me do dia ou do porquê escrevi umas linhas. Mas, deste poema eu lembro-me.

     

    Adorei!

     

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