by Monet



BARCO

Margens inertes abrem os seus braços 
Um grande barco no silêncio parte. 
Altas gaivotas nos ângulos a pique, 
Recém-nascidas à luz, perfeita a morte. 


Um grande barco parte abandonando 
As colunas de um cais ausente e branco. 
E o seu rosto busca-se emergindo 
Do corpo sem cabeça da cidade. 



Um grande barco desligado parte 
Esculpindo de frente o vento norte. 
Perfeito azul do mar, perfeita a morte 
Formas claras e nítidas de espanto. 

Sophia de Mello Breyner Andresen*

Visto aqui 

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