Nascido a 29 de Junho de 1979 na cidade de Ponta Delgada, Pedro Filipe Almeida Maia esteve desde muito jovem ligado ao mundo das artes, principalmente à música. Iniciou a sua experiência na escrita como letrista, através de poemas para música de projectos aos quais estava ligado, actividade que ainda mantém na actualidade.

A escrita de ficção era uma pretensão quase oculta, que mais não passava de alguns rascunhos guardados numa gaveta. A abertura do I Concurso Literário “Letras em Movimento” — organizado em 2010 pela Associação Ilhas em Movimento — despertou essa faceta. O romance a concurso "Bom Tempo no Canal – A Conspiração da Energia" foi vencedor, tendo sido editado em Junho de 2012, com 2ª edição em Março de 2013.

Também contribui como cronista para o semanário Jornal Terra Nostra, na rubrica “Pavilhão Auricular”, com artigos de opinião relacionados com a agenda cultural do arquipélago dos Açores, com especial incidência sobre a música.



“O Livro”, aquele que para mim é único – Siddhartha, Hermann Hesse

Escolher “o livro” da minha vida é como ter de dizer qual a parte do corpo que mais me faz falta: cada um(a) provocou crescimento em momentos e medidas diferentes do meu percurso.
A busca pela plenitude espiritual é um trilho acidentado, mas o escritor alemão Hermann Hesse conseguiu
transferir essa jornada de uma forma majestosa em "Siddhartha". Encontrou inspiração na sua própria visita à Índia para transpor a procura pelo estado da mente harmonizada através de uma personagem apaixonante.
Jovem, adorado por todos e respeitado pelo nível de aprendizagem espiritual que conseguira, Siddharta é visto como um futuro príncipe da sabedoria, principalmente pelo seu amigo Govinda. No entanto, e tal como acontece em determinado momento das nossas humildes vidas, não encontra alegria, sente-se desencorajado e mal-amado.
A sua demanda encoraja-o a abandonar o lar com o amigo, com permissão do seu pai arrancada a ferros. Junta-se aos samanas, segue em peregrinação, e aprende o jejum — analogia ao “vazio interior” tremendamente bem conseguida pelo autor. O caminhante procura despojar-se de si mesmo através dos ensinamentos do grupo, em processos de “transferência de alma” para animais e objectos, passando a ser e sentir como eles.
Três anos após, a personagem principal desintegra-se novamente, tal fénix que regressa às cinzas de onde proveio — esta génese acontece várias vezes a Siddhartha, tal como em cada um de nós —, e abandona o clã por concluir que está fugir de si mesmo. Define muito bem o próximo destino: Buda. Apesar de o seu amigo decidir manter-se com as doutrinas budistas, Siddhartha permanece céptico: abandona Govinda e Buda. Segue com novo destino, com a conclusão de que a verdadeira iluminação provém da “vivência”, não de uma qualquer doutrina — talvez a conclusão a que chegamos quando em estado de verdadeira aceitação.
A caminhada prossegue com capítulos que descrevem um despertar, a travessia de um rio, um barqueiro, e outros intervenientes no final que se vêm mostrar surpreendentemente reveladores, embora a sua descrição possa dar origem ao que a gíria moderna apelida de spoilers. Acrescento apenas que pode ser um daqueles livros que nos faz pensar, mudar de vida, que nos transmite a sensação de paz e a certeza de que tudo ficará bem, mais cedo ou mais tarde. O autor germânico consegue uma narração exemplar que aprisiona o leitor às páginas, não só pela história, como pelos elementos “novidade” que vão sendo introduzidos.

Na minha opinião, emocionante!

Pedro Almeida Maia

1 comentários:

    On 13 janeiro, 2017 Dulce disse...

    Já tentei ler este livro, mas tem que ser nas férias com uma leitura descansada, não deu no meu caso ler um pouco de manhã e há hora de almoço.
    2017 vou tentar lê-lo numa das belas "pontes" que vou fazer, talvez lá para o 25 de Abril.
    Bjs

     

Blogger Templates by Blog Forum